Santa Catarina busca indicação geográfica do mel de melato da bracatinga

Publicado em: 21/08/2019

O mel de melato da bracatinga, considerado um dos melhores do mundo, deve se tornar uma marca registrada do Brasil. Produzido nas regiões mais altas de Santa Catarina e com características bem específicas, o mel de melato é candidato para obtenção de uma Indicação Geográfica (IG), se tornando um patrimônio regional. A documentação foi entregue para a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural na última sexta-feira, 16, durante o 34º Encontro Catarinense de Apicultores e Meliponicultores (ECA), em São Joaquim.

“A apicultura catarinense é reconhecida como destaque nacional e internacional pelas suas características familiares, pela história dos produtores e pela qualidade do mel produzido no Estado. A Indicação Geográfica do mel de melato da bracatinga será um grande diferencial para a apicultura brasileira. Irá agregar valor à produção, trazendo mais renda para os apicultores, contribuindo para a preservação do meio ambiente e fortalecendo a economia local”, destaca o secretário adjunto da Agricultura, Ricardo Miotto.

O mel de melato é também sucesso no mercado internacional e 90% da produção catarinense é destinada para abastecer a Europa. Em Santa Catarina, são cerca de 800 apicultores dedicados à extração desse mel em municípios da Serra e Planalto Norte. É no Estado também que se concentra 80% de toda produção nacional do produto, uma média de 500 toneladas.

O grande benefício da IG é agregar valor à produção local, diferenciando o mel produzido na região devido a suas qualidades únicas. A partir de um selo, os consumidores saberão que o produto possui características especiais relacionadas com aspectos geográficos, de clima, cultivo e manejo.

“A Indicação Geográfica do mel de melato será uma oportunidade para quem pertence a esse território. Nessa região teremos melhorias na infraestrutura de produção e na renda, com um produto diferenciado no mercado. O mel de melato já é reconhecido mundialmente pela qualidade, é muito importante a concretização desse projeto”, destaca o presidente da Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina, Ênio Frederico Cesconetto.

O consultor técnico do Sebrae/SC, Rogério Ern, explica que a Indicação Geográfica trará não só o reconhecimento do produto, mas também deve incentivar a organização da cadeia produtiva e o turismo na região. “A tendência é criar uma reserva de mercado, gerando mais investimentos na cadeia produtiva, pesquisa e equipamentos. A economia da região se fortalece muito”.

O mel de melato da bracatinga possui algumas peculiaridades: a produção é feita apenas em anos pares, durante os meses de janeiro a maio, em algumas áreas de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul.

Para sua fabricação são necessárias as abelhas, um inseto chamado de cochonilha e a árvore de bracatinga. É justamente essa associação que faz o produto ser tão especial. Ele é produzido pelas abelhas, em épocas de escassez de néctar, a partir do líquido açucarado que a cochonilha expele ao se alimentar da seiva da bracatinga. Esse fenômeno ocorre apenas em regiões com altitudes acima de 700 metros no Planalto Sul Brasileiro.

O mel de melato é mais escuro, tem menos açúcares e mais minerais do que o mel convencional, sendo assim ele dificilmente cristaliza. Em 2017 foi reconhecido como um dos quatro melhores méis do mundo no 45º Congresso Internacional de Apicultura, em Istambul, na Turquia.

O processo para Certificação é baseado em dossiês técnicos e científicos da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Federação das Associações de Apicultores de Santa Catarina (Faasc) e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). A intenção dos estudos é demonstrar que a produção do mel de melato da bracatinga está relacionada às condições naturais do Planalto Sul Brasileiro.

Com o resultado em mãos, os produtores da região encaminharão o dossiê ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) para obter o selo de Indicação Geográfica, na modalidade Denominação de Origem. A expectativa é de que o INPI analise e homologue o processo em até 2022. O IG estabelecerá as normas que deverão ser cumpridas pela cadeia produtiva do mel de melato, desde a extração até a comercialização.

A Secretaria da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural é uma das responsáveis por analisar os documentos e reconhecer oficialmente a delimitação geográfica da região formada pela Serra e Planalto Norte como produtora exclusiva do mel de melato.

Fonte: Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural de SC