O Brasil está em efervescência política

Publicado em: 22/10/2018

Por Ivan Ramos – diretor executivo da Fecoagro

“O Brasil está em efervescência politica”. A frase pode ser de efeito, mas está sendo citada inclusive fora do País, devido à proximidade da eleição presidencial, com disputas inéditas na história recente, não apenas da forma que surgiram os candidatos que disputam o segundo turno, como a adesão voluntária de grande parte da população.

Esse comentário foi voz corrente em noticiários internacionais que testemunhamos pessoalmente em Portugal e na Espanha em nosso período de férias na semana que passou.  O noticiário de telejornais e mídia impressa em todos os dias enfocou a eleição brasileira.

Repórteres de emissoras de TV portuguesas que cobrem o Brasil não demonstraram muita imparcialidade ao passar boletins para suas emissoras. Era visível por qualquer pessoa que o destaque principal era realçar os “méritos” da esquerda, e os “defeitos”, do candidato dito da direita. A mídia portuguesa presente no Brasil, parecia mais parcial, enquanto que na Espanha, sempre se mostrava os dois lados das candidaturas.

A visão que os europeus têm do Brasil, nesse momento, infelizmente é de crise política provocada pelo mau comportamento dos últimos governos, mergulhados na corrupção e na incompetência. Certamente em outros países da Europa o pensamento não deve ser diferente, entretanto, temos que reconhecer que demos motivos para que assim interpretassem, diante de inúmeros fatos negativos que estão sendo retirados de baixo do tapete, pela Polícia Federal e pela Justiça brasileira.

E qual será a melhor saída para um País tido como futuro celeiro do mundo?  Perguntavam alguns europeus que contatamos. Aqui não há como se publicar a opinião pessoal nesse momento para não caracterizar propaganda eleitoral para A ou para B, mas o fato é que se estamos diante de tanta revolta, desaguando com a crise econômica que atinge a todos, é porque algo de errado tem acontecido no comportamento dos nossos dirigentes políticos.

Se houve renovação parlamentar em sete de outubro: se surgiram e foram eleitos candidatos novos e de fora da política tradicional, certamente é porque a população está descontente com a situação atual.  Mas o novo sempre é melhor? Não dá para afirmar isso categoricamente. Muitas vezes os novos são a ultima cartada diante do que se viu no passado, mas também pode ser o avanço problemas, por isso, vale a pena avaliar muito bem o seu passado, suas atividades, as propostas e as intenções dos candidatos que ficaram para o segundo turno. Não é recomendável descartar, mas também precisamos estar conscientes que poderá ser outra frustração.

O povo brasileiro está tendo oportunidade ímpar de corrigir os erros do passado, mas sem ódio e sem vingança e sim com responsabilidade para evitar decepções ainda maiores numa próxima gestão. Uma coisa ficou comprovada: quando a gente quer, a gente muda as coisas.

Os candidatos presidenciais tiveram participação diferente nas campanhas deste ano, com estruturas diferenciadas. Um com partido de pouca expressão, sem recursos financeiros, sem espaço na TV e no rádio, sofrendo atentado físico, mas com adesão maciça da população através das mídias sociais, conduzindo-o ao segundo turno com folga. O outro com estrutura partidária, com militância aguerrida e às vezes cega, já foi prefeito da maior cidade do País, mas que surgiu como uma “tapa buraco”, mas não se pode negar, vem pregando mudanças da forma de administrar, mas está vinculado a um partido que estava no Poder e já poderia ter feito isso.

Realmente é uma sinuca de bico, mas vamos ter que enfrentar mais essa. Esperamos que qualquer que seja o eleito realize o que vem prometendo, coisa que não é muito comum na nossa política, muitas vezes porque a estrutura ao seu redor não permite, eles sabem disso, mais continuam prometendo. No próximo final de semana será dia “D” do Brasil, e tudo o que acontecer terá o aval dos brasileiros ao escolher seus novos dirigentes. Depois não adianta reclamar o leite derramado. Pense nisso.