Cooperativas agropecuárias gaúchas devem aumentar em 15% seu faturamento

Publicado em: 06/12/2018

O presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro-RS), Paulo Pires, destaca que as organizações do segmento faturaram R$ 26,6 bilhões em 2017, crescendo 4,9% frente ao ano anterior. “Esse montante é 62% do desempenho total das cooperativas gaúchas no período. Em resultados, somente o agro fez R$ 375 milhões”. Segundo ele, a perspectiva é de que, em 2018, o faturamento aumente em torno de 15%.

“Os preços dos insumos aumentaram e o comércio dos produtos também”. Pires comenta que algumas destas associações do segmento estão entre as mais antigas do Estado (centenárias), e enfrentaram uma grande crise entre 1995 e 1996, devido a problemas no setor agropecuário. “Naquele momento, foi criado o Sescoop e surgiram outras cooperativas vinculadas à agricultura. De lá para cá, tiveram grande desempenho, com destaque nos anos que se seguiram”.

Ao todo, existem 333 mil sócios de 128 cooperativas agropecuárias no Estado, que juntas empregam 36 mil pessoas. As maiores (42 cooperativas, que juntas faturam 95% do total do segmento) são representadas pela Fecoagro-RS. Conforme o presidente da entidade, não à toa estas organizações se encontram em municípios onde o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é mais expressivo, independentemente do número de habitantes.

“Vide a Cotrijal (Cooperativa Agropecuária e Industrial) e a Languiru (de açougues e frigoríficos), só para dar dois exemplos: estão entre os maiores empregadores e arrecadadores de impostos nos destinos onde atuam – isso tem uma influência grande na qualidade de vida da população destas cidades, pois onde tem emprego e oportunidade de colégios e faculdades, tem desenvolvimento maior da sociedade como um todo”.

Somando quase 60 anos de uma história marcada por desafios, mas também por conquistas, Cotrijal iniciou atividades em Não-Me-Toque, onde funciona sua sede. Aos poucos, expandiu conforme demanda dos produtores da região e viabilidade financeira da cooperativa.

No final da década de 1960 até 1976, quatro unidades foram inauguradas, seguidas por outras três entre 1980 e 1990, e por um ciclo de expansão na década de 1990, abrangendo toda a região de Carazinho. Nos anos 2000, mais oito unidades foram instaladas.

Entre 2014 e 2015, outras quatro na região de Esmeralda. Em 2016, a cooperativa expandiu mais ainda sua área de atuação, com a aquisição de 14 unidades de recebimento e armazenagem de grãos da BSBios, na Região Norte do Rio Grande do Sul.

Com isso, hoje está presente em 32 municípios com 56 unidades instaladas. Através delas, e com a ajuda dos 1.519 colaboradores, a cooperativa atende 5.921 associados e suas famílias, levando informações, tecnologias e serviços que possam melhorar o resultado das propriedades, garantir segurança, renda e qualidade de vida.

A atividade grãos (soja, milho, trigo, cevada e canola) é o foco principal, mas a cooperativa atua também nas áreas de produção leiteira, fábrica de rações, beneficiamento de sementes, e administra 17 lojas e oito supermercados, além de um atacado.

Uma das mais importantes iniciativas da cooperativa foi a criação, em 2000, da Expodireto Cotrijal, feira de reconhecimento internacional que reúne tecnologias, produtos e serviços de ponta para todos os tamanhos de propriedades e vários segmentos da agropecuária. Somente em 2016, a feira atraiu 210.800 visitantes e os 554 expositores, instalados nos 84 hectares do Parque da Expodireto, fecharam R$ 1,581 bilhão em negócios.

No Rio Grande do Sul, o recente crescimento do sistema cooperativo é verificado não somente no aumento no número de sócios, geração de novos empregos e investimento das cooperativas em capacitação, mas também na construção e manutenção de novos hospitais e novas agroindústrias, faturamento, sobras, entre outros, aponta o presidente do Sistema Ocergs-Sescoop-RS, Vergílio Perius.

“No caso das cooperativas de crédito, continuaremos com ritmo intenso, inaugurando agências no País (187 previstas para 2019), acrescenta o vice-presidente da Central Sicredi Sul/Sudeste, Márcio Port.

Segundo ele, o sistema também visualiza a oportunidade de trazer mais pessoas para o cooperativismo e investe em infraestrutura (o total previsto é de R$ 187 milhões no decorrer ano que vem). Com 115 anos de atuação, a organização gerenciou uma carteira de crédito de R$ 80 bilhões em 2018, segundo estimativa de Port.

“Trabalhamos como um ano de readequação, de otimismo, mas de arranjo da estrutura pública, provavelmente vai ser um ano de bastante cautela, mas temos boas perspectivas de que algo bom vai acontecer”, comenta o presidente da Fecoagro-RS, Paulo Pires. Na visão do dirigente, o cooperativismo não está enfrentando “nenhuma crise”.

“Passamos por um momento bom, frente ao restante da sociedade”, avalia. “Esperamos ter preços melhores, trabalhando com dólar mais baixo”. Sobre as iniciativas da entidade que mais contribuíram para o crescimento do segmento, Pires cita os cursos de pós-graduação e MBA para diretores executivos.

Fonte: Jornal do Comércio