Boletim Agropecuário de fevereiro registra alta no preço do leite e atualiza as estimativas das safras de grãos

Publicado em: 26/02/2024

Fevereiro foi o terceiro mês consecutivo de alta nos preços pagos aos produtores de SC pelo litro de leite. Esse é o terceiro mês consecutivo de alta. A notícia animadora para os criadores contrasta com dados menos positivos sobre a safra de grãos. As estimativas atualizadas apontam para uma produção menor na safra 2023/2024 em comparação com a safra anterior para todos os produtos monitorados: arroz, feijão, milho, soja e trigo. As informações são do Boletim Agropecuário de fevereiro, publicação mensal do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), disponível neste Observatório e nos sites da Epagri e da Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária (SAR). 

De acordo com o levantamento mensal da Epagri/Cepa, em fevereiro os produtores catarinenses das principais regiões produtoras receberam, em média, R$ 2,15 pelo litro de leite. Um aumento de 4,8% em relação ao mês anterior, mas um decréscimo de aproximadamente 10% em relação ao mesmo mês de 2023.  

Para o analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Tabajara Marcondes, o aumento no preço do leite, nos últimos meses, pode estar sob influência de três fatores. O primeiro é a manutenção do consumo interno em patamares satisfatórios. O segundo é que depois de atingir o pico em dezembro, a produção tradicionalmente começa a cair até atingir o piso, geralmente, em abril. Por último, o fato de os preços, embora em crescimento, ainda estarem abaixo do praticado na maior parte do ano de 2023, o que abre espaço para aumento.  

No mês de janeiro de 2024, as importações brasileiras de lácteos alcançaram 25,8 milhões de quilos. Essa quantidade é 4% menor do que a importada em dezembro de 2023 e 30,3% maior do que a importada em janeiro de 2023. A novidade é que as exportações cresceram e alcançaram 3,6 milhões de quilos, crescimentos de 38% e 54%, respectivamente, em relação às quantidades exportadas em dezembro de 2023 e janeiro de 2023. Esse é o maior valor exportado desde abril de 2022.  

Milho 

No Boletim de fevereiro houve a confirmação da redução da área cultivada com milho na primeira safra de 2023/2024 em Santa Catarina e da produtividade das lavouras. A redução da área deve ser de aproximadamente 6,7% e da produtividade de 5,2%, em ambos os casos na comparação com a safra anterior. O motivo da revisão das estimativas foram as condições climáticas do início da safra, quando o excesso de chuva atrasou o plantio, dificultou os tratos culturais, causou inundação de lavouras em desenvolvimento e perda de nutrientes do solo. Em termos de produção total, há uma diminuição prevista de mais de 300 mil toneladas na comparação com a safra anterior de Santa Catarina. 

No Brasil, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou em fevereiro que a produção de milho brasileira terá uma diminuição de 14% em relação à safra 2022/2023. Mesmo assim, os preços têm se mantido bem abaixo do registrado no começo do ano passado. Conforme levantamento da Epagri/Cepa, disponível no site do Observatório Agro Catarinense, a média recebida pela saca em janeiro de 2024 foi de R$ 58,68.   

De acordo com o analista de Socioeconomia e Desenvolvimento Rural da Epagri/Cepa, Haroldo Elias, a tendência a médio prazo é de elevação dos preços no mercado interno. Isso porque o consumo do cereal está em elevação no Brasil (rações e etanol) e a menor produção em 2024 deve afetar o balanço entre oferta e demanda.  

Soja 

A safra de soja 2023/2024 também teve a estimativa de produção atualizada. Agora a previsão é que sejam produzidas 2,76 milhões de toneladas, um recuo estimado de 2,8%, em relação à safra anterior. Em 2024, o preço da soja em grão ao produtor registra uma forte queda. Nos últimos 30 dias houve uma retração superior a 10%. Em janeiro foram registradas as menores cotações desde 2020. Apesar da redução na safra brasileira, a Argentina terá uma colheita maior e a previsão é que a China, principal compradora, demande menos quantidade do produto, o que tem afetado os preços. 

Feijão 

A safra catarinense de feijão (1ª safra) deve ter uma área plantada de 28,9 mil hectares, o que significa uma redução de 5,8% em relação à área cultivada na safra passada. Quanto à produtividade, que foi atualizada neste mês, espera-se uma redução em torno de 8,3%, o que deve resultar em uma produção 13,6% menor do que na safra anterior. Em fevereiro, a Conab publicou dados atualizados da safra nacional de feijão. 

Estima-se uma safra total de 2,97 milhões de toneladas, o que representa uma redução de 2,1% em relação à safra anterior. Desde outubro do ano passado há uma trajetória ascendente dos preços recebidos pelos produtores de feijão. Contudo, entre os dois tipos de feijão mais cultivados em Santa Catarina, o feijão-preto tem alcançado preços melhores do que o feijão-carioca. 

Arroz 

A estimativa atual da safra 2023/24 em Santa Catarina aponta para leve redução da área em relação à safra anterior. Até o momento estima-se também uma produtividade menor. Com isso, a produção estimada é de 1,24 milhão de toneladas de arroz em casca, 1,82% menor  do que o registrado na safra passada. O ano de 2024 iniciou com preços elevados, mas com tendência de redução nos próximos meses em razão do início da colheita no Estado. 

A primeira quinzena de fevereiro apresentou preço médio de R$114,14/sc de 50kg em Santa Catarina, o que representa uma variação de -1,03% em relação ao mês de janeiro, que foi o maior da safra. Esse comportamento é esperado pois o aumento da oferta interna, seja pelo avanço da colheita ou pela entrada do produto adquirido de outros estados ou do Mercosul, tem como resultado a redução dos preços. 

Trigo 

A safra catarinense 2023/24 está estimada em 307,6 mil toneladas, o que significa uma redução de 36% na produção na comparação com a safra anterior. O resultado é decorrência da redução de 2% na área plantada e de 35% na produtividade, em relação à safra 2022/2023. Os preços médios recebidos pelos produtores catarinenses voltaram a subir neste início de ano e chegaram a R$ 64,89 a saca de 60 quilos. Contribuíram para o movimento altista verificado neste início de ano a diminuição da disponibilidade de trigo argentino para os importadores brasileiros e a baixa disponibilidade de trigo proveniente do mercado interno para panificação. Apesar do aumento em relação a dezembro, o valor permanece bem abaixo do registrado no mesmo mês de 2023. 

Fonte: Observatório Agro Catarinense 

Foto: Aires Mariga/Epagri