Tecnologia desenvolvida pela Epagri e UFSC viabiliza produção de biofertilizante a partir de alga marinha

Publicado em: 23/06/2022

A Epagri e a UFSC  estão desenvolvendo um biofertilizante que vai do mar para a lavoura. A  proposta está virando realidade em Palhoça, município da Grande Florianópolis líder nacional na produção de mariscos. Lá está sendo produzida a macroalga Kappaphycus alvarezii, que depois de processada se transforma em biofertilizante. Segundo o Decreto 4.954, biofertilizantes são “produtos que contém princípio ativo ou agente orgânico, isento de substâncias agrotóxicas, capaz de atuar, direta ou indiretamente, sobre o todo ou parte das plantas cultivadas, elevando a sua produtividade, sem ter em conta o seu valor hormonal ou estimulante”.

O projeto vem sendo desenvolvido  desde 2008 e visa estudar a viabilidade de produzir esta macroalga no litoral catarinense. A pesquisa apontou que o Estado tem capacidade de produzi-la, sem risco ao meio ambiente e agregando valor à cadeia produtiva da maricultura.

Em abril deste ano os maricultores de Palhoça receberam autorização dos órgãos ambientais para iniciar a produção comercial do vegetal. O apoio da Epagri tem sido essencial na realização desse objetivo.

Elisete Fátima Squena, gerente geral da Indústria de Fertilizantes da Fecoagro, conheceu cultivo do maricultor Nino e sua unidade de processamento, em Palhoça (Foto: arquivo pessoal).

O extensionista da Epagri em Palhoça, Edson Carlos de Quadra, proporcionou um encontro entre o maricultor e a gerente geral da Indústria de Fertilizantes  da Fecoagro, engenheira agrônoma Elisete Fátima Squena. Ela foi até a Praia de Fora conhecer o cultivo e a unidade de processamento e ficou encantada com o que viu.

“Eu acho que o produto tem futuro como fertilizante”, atesta ela, destacando a expansão do mercado de orgânicos no país como mais um impulsionador do novo negócio. Ela entende que a olericultura e fruticultura podem ser especialmente beneficiadas pelo biofertilizante de alga.

Elisete ficou também impressionada com a extensão do projeto colocado em prática pela Epagri e UFSC, que está desenvolvendo tecnologias que vão desde o plantio até o envase do produto. Ela não descarta uma futura parceria entre Fecoagro e o produtor para colocar o biofertilizante no mercado, mas enquanto isso não acontece, afirma que a instituição vai apoiar, indicando indústrias que possam se interessar pela matéria-prima.

Alex Alves dos Santos, pesquisador da Epagri/Cedap, explica que os estudos seguem para detalhar a composição do biofertilizante em cada estação do ano, já que a alga se desenvolve de maneira distinta em diferentes temperaturas de água. Serão analisadas os macros e micronutrientes presentes em amostras do vegetal colhidas no verão, inverno, outono e primavera.

Com o resultado desta avaliação, os pesquisadores poderão definir as propriedades específicas do biofertilizante, o que vai permitir posicionar o produto no mercado. “É uma cadeia produtiva nova, que está começando a ser implantada, então, são muitos os desafios, sendo que o principal é o posicionamento do produto no agronegócio nacional”, relata Alex.

O extensionista Edson de Quadra conta que cerca de 30 maricultores de Palhoça já manifestaram interesse de ingressar na produção de macroalgas. Atualmente o município, que conta com 223 fazendas marinhas, é o único do Estado que tem todos seus parques aquícolas liberados para o cultivo do vegetal.

Fonte: Epagri.