Seria melhor já ir acostumando a um câmbio de 3,20?

Publicado em: 26/10/2018

Saiu a primeira estimativa da CONAB para a safra 2018/19. Para os grãos espera-se algo entre  233,6 e 238,5 milhões de toneladas (2,5 a 4,7% a mais que esta safra), gerando um adicional entre 5,6 e 10,6 m.t. Em soja vamos colher entre 117 e 119,4 m.t., plantadas em cerca de 36 milhões de hectares.

Os dados fazem parte de matéria produzida e escrita por Marcos Fava Neves, Professor Titular da Faculdade de Administração da USP, campus de Ribeirão Preto.

Segundo ele, no milho a Conab estima que produziremos algo no intervalo 89,7 a 91,1 m.t., plantados em 16,7 milhões de hectares, produção que deve ser mais de 10% acima deste ano. O USDA também neste caso está mais otimista, com 94,5 m.t. Pelo USDA nossas exportações em 2018/19 serão de 29 m.t., 7 milhões maiores. Finalmente, no melhor cenário, a área plantada no Brasil pode chegar a 63,1 milhões de hectares, crescimento de 2,3%. Vai bem o plantio da safra de soja, o clima tem ajudado e estamos com cerca de 15 a 20% a mais que o mesmo período do ano passado. O desafio vem sendo o aumento dos insumos impactando nos custos de produção.

Ao comentar a situação econômica do país Marcos Fava Neves destaca que tanto no Brasil como no exterior, temos números ruins.  O Boletim Focus do Banco Central subiu a projeção de inflação de 2018 em 0,1%, agora em 4,44% e a do ano que vem manteve em 4,22%. O PIB deste ano seria de 1,34% e o do ano que vem 2,49%. Para a taxa de câmbio, o valor seria de R$/US$ 3,75 neste ano e R$/US$ 3,80 para 2019 e finalmente a taxa Selic para estes dois anos seria de 6,50% e 8,00%, respectivamente. A OMC reviu para baixo os fluxos de comércio esperados e o crescimento da economia mundial. Agora temos expansão de 3,9% no comércio global (era de 4,4%) e expansão de 3,1% na economia mundial. Para 2019 a expansão do comércio é estimada em 3,7% e da economia em 2,9%. O principal fator foram restrições aplicadas ao comércio e incertezas crescentes que causam mais desconfiança a adiamento de investimentos.

Exportações do agro em setembro chegaram a US$ 8,17 bilhões, deixando um saldo de US$ 7,1 bilhões e representando praticamente 43% do total exportado pelo país. Fortes aumentos em soja, papel e celulose, carne bovina (recorde) e também em bovinos vivos. Tivemos bons aumentos de vendas na China, Turquia, Irã, Índia e Argentina.

Sobre o câmbio no Brasil o professor Marcos Fava Neves, que foi palestrante no Fórum dos Presidentes das Cooperativas no final de agosto em SC, lembrou que havia previsto que viria para R$ 3,70. Acertei em cima. Se Jair Bolsonaro tiver governabilidade e as mudanças forem implementadas, o agro deve se preparar para um câmbio de R$ 3,00 a 3,20 no final de 2019. O desafio de margem será grande devido ao aumento de custos de produção.

Fonte: Prof. Dr. Marcos Fava Neves com acréscimos da Fecoagro