Registros do cooperativismo catarinense

Publicado em: 10/04/2023

Por Ivan Ramos diretor-executivo da Fecoagro/SC.

Existe um conceito em nosso país, de que o brasileiro não tem memória, isto é, esquece fácil do que foi dito ou praticado “ontem”. Não deixa de ser verdade que uma boa camada da população age e pensa assim. Até valoriza o momento da realização do fato, mas se não ficar registrado, esquece e não tem como rememorar. Em determinada categoria ou setor, esse problema é ainda mais marcante. No meio rural e cooperativista, por exemplo. Muitos políticos prometem mundos e fundos nas campanhas eleitorais, depois que se elegem esquecem, ou caem a realidade para ver que não é fácil executar o que prometeram, caem no vazio e pouca gente cobra. E fica por isso mesmo. Da mesma forma acontece em outras atividades.

No cooperativismo, por exemplo, muitas obras e ações que foram realizadas, e não sendo registradas, ficaram no esquecimento. Muitas pessoas, lideres, técnicos, políticos e abnegados idealistas criaram, implementaram, executam muitas ações relevantes para o setor, e ao saírem de cena, poucos se lembram em reconhecer para contar às gerações seguintes. Isso e retrato de um país sem memória. Essa citação está sendo feita para reconhecer ao trabalho recente publicado por um grupo de historiadores e escritores com temas cooperativistas.

Elizandra Forneck, Leandro Mayer e Gilvan Kern tomaram a iniciativa de organizar e escrever um livro que vai deixar registrado na história, relatos sobre o cooperativismo do Sul do País. “Cooperativismo e Associativismo em SC no Contexto da Imigração Alemã para o Sul do Brasil” é uma relíquia que precisaria ser lida especialmente pela nova geração de lideranças do cooperativismo. Os diversos textos escritos por pessoas que conviveram e ainda convivem com atividades associativistas; relatos e depoimentos de líderes com entrevistas de quem conviveu com o setor nos últimos 50 anos na estruturação das cooperativas em SC, estão registrados no livro.

A entrevista com Glauco Olinger, o desbravador da extensão rural no Estado, onde o cooperativismo estava inserido no programa de trabalho dos extensionista; os relatos de Harry Dorrow sobre as ações desenvolvidas pelas entidades do setor, na formulação das propostas  para a inclusão na Constituição de 1988, e o histórico de experiência na formação de uma cooperativa de segundo grau em nível estadual, contanto a  história do surgimento e da trajetória da Fecoagro, são temas que efetivamente precisam ser lidos e guardados nos anais do cooperativismo catarinense.

Muitos outros escritores fizeram a sua parte para registrar o cooperativismo em livro. Cumprimentamos os idealizadores, os participantes e os patrocinadores que viabilizaram a realização dessa obra de 438 páginas. Pelo que se sabe, inédita no cooperativismo brasileiro. Pelo menos nesse assunto, o País vai ficar com sua memória, e por isso precisamos prestigiá-la. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC.