Quais as perspectivas para abastecimento de fertilizantes

Publicado em: 20/06/2022

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro/SC

O problema do abastecimento de fertilizantes para a próxima safra de verão e as seguintes, continua na ordem do dia. O assunto dominou os noticiários com muita frequência no início da guerra entre Rússia e Ucrânia, e agora aparece esporadicamente. Nesses quase quatro meses de conflito, surgiu de tudo sobre o assunto, mas de concreto mesmo, foi que os preços dos adubos subiram assustadoramente, e escassez do produto ficou praticamente nas suposições.

No Brasil, segundo os analistas e os próprios fornecedores, não se registrou falta de fertilizantes. Ao contrário, os últimos números dizem que nesse ano já foram importados volumes superiores aos anos anteriores. Quer dizer: a especulação de preços em cima de possíveis faltas, prevaleceu. De outro lado, deixou muita gente receosa em ficar sem o produto, e aceleraram as aquisições, estimulando o aumento dos preços. Agora começa a arrefecer o mercado, mas a grande maioria está abastecida, especialmente em SC, e a queda de preços, mesmo que pequena, não beneficia o consumidor final. Por outro lado, os preços dos grãos se elevaram no período e contribuíram na proporção de troca grãos versus fertilizantes.

O problema não acabou. Talvez não pela falta dos produtos, mas sim, pela logística. Estamos comprados, e quase tudo vendido, mas não recebemos nem entregamos o físico do produto. Aí é que vem e preocupação da logística. Volumes expressivos para serem entregues em pouco espaço de tempo, e cima da hora do plantio, pode gerar complicações. O transporte dos produtos a partir dos portos ou das fábricas até o consumidor final precisa de planejamento. O frete depende do petróleo, e esse combustível pode vir a onerar quem ainda não retirou o fertilizante ou deixar para a última hora.

Ainda existe o problema de armazenamento. Não existe espaço suficiente para estocagem de matéria-prima por muito tempo. Os produtos têm que entrar e sair no mais curto espaço de tempo possível. Daí a preocupação de ora em diante. Isto é, ter produto, mas faltar logística para entrega. A Fecoagro, por exemplo, já comercializou mais de 80 por cento do volume planejado para este ano, mas a retirada da fábrica está morosa. Tem estimulado as cooperativas a agilizar as retiradas e entregas aos agricultores para evitar congestionamento e falta de caminhões em tempo hábil para aplicação dos adubos no solo. Esse problema poderá se agravar, não apenas em SC, mas em todo o país. Portanto, há que se priorizar as entregas antes que falte transporte e, consequentemente, aumente ainda mais os preços do frete. Planejar e agilizar é preciso. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC