Preços pagos aos produtores catarinenses de leite e trigo são destaques do Boletim Agropecuário de agosto

Publicado em: 31/08/2022

A expectativa de queda no preço pago aos produtores de leite, o recorde no valor da saca de trigo, a alta produtividade do arroz e o bom desempenho das exportações de frango em 2022 são alguns dos destaques do Boletim Agropecuário de agosto. O documento é elaborado mensalmente pela Epagri/Cepa com análise das principais cadeias produtivas do agronegócio catarinense.

Segundo o Boletim da Epagri, em agosto o IBGE divulgou números que mostram que no primeiro semestre de 2022 a quantidade de leite cru adquirida pelas indústrias inspecionadas do Brasil foi 9,1% menor do que no mesmo período de 2021. Essa expressiva redução de oferta interna é a principal explicação para os preços internos terem aumentado sensivelmente de maio até meados de julho. Desde então, os preços entraram em queda. Com isso, os preços recebidos pelos produtores, que foram recordes em agosto, tendem a decrescer sensivelmente de agora em diante.

No que diz respeito aos suínos, Santa Catarina exportou 51,35 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em julho, alta de 1,3% em relação às exportações do mês anterior, mas queda de 3,3% na comparação com as de julho de 2021. As receitas foram de US$123,48 milhões, queda de 0,5% em relação às do mês anterior e de 7,4% na comparação com as de julho de 2021. No acumulado do ano, o Estado exportou 330,72 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$754,63 milhões, quedas de 1,6% em quantidade e de 10% em valor na comparação com o mesmo período de 2021. Santa Catarina respondeu por 57,1% das receitas e 55,6% do volume de carne suína exportada pelo Brasil neste ano.

Na área de cereais, a Epagri relata que as cotações do trigo no mercado catarinense em julho tiveram variação positiva de 2,82%, fechando a média mensal em R$ 107,59 a saca de 60kg, o maior valor nominal da série histórica publicada pela Epagri/Cepa. Com o anúncio de uma possível retomada das exportações de trigo da Ucrânia, os preços no mercado internacional recuaram, contudo, permaneceram firmes para a grande maioria dos estados acompanhados.  Os custos de produção dessa safra estão extremamente elevados. Para abril, o preço de nivelamento para lavouras com produtividade média de 3.600kg/ha estava em R$ 91,44 a saca 60kg, ou seja, para cobrir os custos de produção, esse é o preço mínimo que o produtor deveria receber por cada saca produzida. Para produtividade de 4.200kg/ha, o preço de nivelamento sobe para R$100,44 a saca de 60kg.

O encerramento da safra do arroz em Santa Catarina trouxe uma boa notícia: a alta produtividade das lavouras catarinenses. Regiões como Rio do Sul, Ituporanga e Blumenau ultrapassaram a marca de 9 toneladas de produtividade média por hectare. A produtividade média do Estado se aproximou de 8,5 toneladas por hectare.   Com relação aos preços, devem se manter em elevação nos próximos meses, um comportamento típico para a época do ano. A tendência fica clara nos valores praticados entre julho e a primeira quinzena de agosto, quando seguiram firmes.

O preço médio do feijão-carioca voltou a cair em julho, recuando 10,13% em relação a junho, fechando a média mensal em R$  265,01 a saca de 60kg. Para o feijão-preto, variação negativa de 5,45% no último mês, fechando a média mensal em R$179,60 a saca de 60kg. A expectativa do setor é que o mercado reaja com aumento de consumo, contudo, mesmo com promoções de feijão nas gôndolas dos supermercados, não se observa aumento nas compras por parte dos consumidores.

Nesse momento, quando ainda comercializamos a safra 2021/22 de feijão, a preocupação é que os baixos preços praticados atualmente possam reduzir a intenção de plantio por parte dos produtores para a próxima safra. Com os preços da soja em alta, muitos produtores poderão aumentar suas áreas de cultivo do grão em detrimento do feijão primeira safra, concentrando seu plantio de feijão na segunda safra, a partir de janeiro de 2023.

Fonte: Epagri/Cepa.