Planejar e poupar para não penar

Publicado em: 14/06/2021

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro

O economista gaúcho Antônio da Luz publicou uma análise que fez sobre o agronegócio, que merece reflexão a todos aqueles que trabalham ou defendem o agronegócio. No seu comentário ele defende que o maior risco do setor agropecuário está em épocas de bonança e não em tempos de crise do setor. Se pararmos para pensar, é isso mesmo.

Quando o agricultor enfrenta qualquer crise, quer seja climática, quer seja de mercado, ou até de saúde, não lhe resta outra saída a não ser negociar, se adaptar à realidade e encontrar outra alternativa, sempre dependendo de terceiros. Como se diz na gíria, está no fundo do poço, tem muito pouco a perder.

Por outro lado, quando está em ano de bonança, como está acontecendo nesse momento, o risco de quebrar é muito mais eminente. Porque? Porque dinheiro abundante estimula riscos desnecessários. Investimentos não urgentes, gastos exagerados, pouca preocupação com o amanhã.  Aqueles agricultores que não planejarem e economizarem para eventuais frustrações nos anos seguintes, correm risco de quebrar. Evidentemente isso não quer dizer que não tenham que melhorar a propriedade; usufruir de laser, e aproveitar a boa situação do momento, mas se precaver para o futuro, também tem que estar no radar.

Como os resultados da atividade agropecuária são cíclicos, é sempre bom estarmos preparados para enfrentar adversidades. Como disse o economista Antônio da Luz, agricultor não quebra em tempo de crise, mas pode fraquejar depois de uma fase de vacas gordas.

Temos que ter a consciência de que cabe a cada um de nós administramos nossas atividades e o nosso futuro, e não ficarmos dependendo de ajudas dos governos quando surge uma crise. Se defendemos a livre iniciativa, se queremos a democracia econômica e mercado liberal, temos que estar preparados para conjunto das consequências. Reivindicar, mostrar a nossa realidade, nossos riscos e nossa importância na sociedade, faz parte, mas temos que procurar andar com as próprias pernas. Instrumentos de suporte para plantar, produzir e comercializar existem, mas precisam ser utilizados e seguidos.

Portanto, vamos nos planejar, poupar, economizar e seguir as regras do mercado, que com certeza, na média teremos bons resultados. Se não fosse assim, não estaríamos mais na atividade. E se nesse ano sobrou dinheiro da safra, aplique nas cooperativas do Sicoob. Elas têm boas alternativas de renda. Comprando os insumos e entregando a produção nas cooperativas agropecuárias e aplicando seu dinheiro na cooperativa de crédito. Dessa forma estaremos praticando a intercooperação e protegidos pela melhor alternativa e ainda recebermos os resultados do ano. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC