Pensamentos ideológicos e científicos não convivem no mesmo ambiente

Publicado em: 24/09/2018

Por Ivan Ramos – diretor executivo da Fecoagro

“Quando os defensores de propostas ideológicas entram numa sala, os defensores de princípios científicos saem pela janela”. Com essa frase, o secretário da Agricultura Airton Spies, tem se pronunciado em palestras que discutem assuntos relacionados à agricultura e ao agronegócio. Considerado um exemplar e bem informado técnico, com sensibilidade política, Spies tem esclarecido a variados plenários de lideranças heterogenias de que a pesquisa científica precisa se sobrepor aos pensamentos ideológicos em diversos aspectos.

Na semana que passou o secretário participou de um simpósio na UFSC onde uma seleta plateia de estudantes de pós-graduação propôs a discussão, entre outros temas, a Economia agroindustrial catarinense – como aproveitar cenários favoráveis e como se prevenir aos desfavoráveis. Efetivamente tratou de um tema importante, apontado pelos professores de agrometeorologia da Universidade. A preocupação na discussão estava centrada nas mudanças climáticas do futuro, e como será administrada a produção agrícola, o suprimento de alimentos, para uma população mundial cada vez mais crescente. Hoje somos 7,5 bilhões de habitantes e em 2050 deve chegar a 9 bilhões.

O presidente da Fecoagro Claudio Post foi convidado abordar qual será o comportamento das cooperativas como iniciativa privada, diante das dificuldades que a situação impõe com as mudanças climáticas que já estão presentes e tendem se ampliar. Ele mostrou que as cooperativas já vêm se preocupando com a preservação ambiental com vistas à manutenção das atividades campo, não apenas observando os regulamentos legais, mas também pela consciência dos agricultores da necessidade de preservação das fontes e água, das florestas e do solo, para continuarem existindo no meio rural.

O secretário Spies abordou o assunto de forma mais ampla, na visão governamental, mas também científica, apresentando dados estatísticos de demonstrações práticas, mostrando que nem tudo o que se fala e noticia é prejudicial ao meio ambiente e a saúde pública e tem origem quase sempre de críticos de viés ideológico. Spies sempre tem dito que não dá para comparar fatores científicos com pensamentos ideológicos, pois um não convive com outro. Se alguém pensa em utilizar agronegócio como bode expiatório para defesa de suas teses ideológicas, deve rever seus conceitos, pois política é importante, mas precisa conviver com a ciência e com a realidade dos mercados.

Foi importante a abordagem provocada pela UFSC, pois além de focar no comportamento do clima no futuro, diante de tantas notícias ruins, e nem sempre reais, também, serviu para esclarecer aos estudantes sobre a transgenia nas plantas e os objetivos agroquímicos, explorados negativamente como agrotóxicos, prejudicial à saúde, como se fosse recomendado sua injeção ou aplicação fora das normas de seguranças das pessoas.

Spies e Rubens Marschalek da Epagri, técnicos com conhecimentos reconhecidos dos assuntos, evidenciaram aos participantes que os transgênicos os chamados agrotóxicos são aliados do meio ambiente e da saúde pública, ao contrário do que pregam os ideólogos.

As palestras apresentadas no encontro foram importantíssimas e precisariam ser mais difundidas não apenas nas universidades onde se formam gerações de futuros administradores, mas também nos meios urbanos, artísticos, na mídia e para os políticos que muitas vezes falam e defendem teses sem conhecimento de causa. Há que se mostrar as diferenças de comportamentos ideológicos de científicos. Com certeza a tarde de discussão sobre os assuntos agrícolas na Universidade serviu como inúmeras aulas teóricas que os estudantes recebem no calendário curricular, e mais instituições deveriam expandir palestras desse gênero, ministradas por pessoas preparadas e que vivem o dia a dia.

Todos os assuntos abordados no simpósio serviram para lavar a alma daqueles que defendem uma agricultura tecnificada e sustentável, e mostrar que SC está presente à frente desse assunto, reconhecido inclusive pelos mestres que lá estiveram. Os nossos agricultores podem ter a certeza que estão sendo defendidos em suas atividades por pessoas competentes e que pensam no real e não nos sonhos. Pense nisso.