Hora de se planejar para o próximo plantio

Publicado em: 24/04/2023

Por Ivan Ramos diretor-executivo da Fecoagro/SC.

Nas atividades agropecuárias costuma-se dizer que cada ano é uma história diferente. Dificilmente  uma safra é igual a outra. Nos mais diversos aspectos. As diferenças acontecem, ou na colheita, que pode variar dependendo do comportamento clima; ou nos preços que sofrem alterações, dependendo também, dos mercados  internacionais; ou no ataque de pragas; ou nos custos de produção. Cada ano na hora de definir o plantio, se diz: será que na próxima colheita vai ser  igual a essa deste ano? Essa dúvida está sempre presente na vida na maioria dos agricultores.

Por outro lado, também precisa ser reconhecido que o produtor rural  está sempre na expectativa de ganhar mais na sua atividade. Para eles, os preços da produção agrícola sempre têm algo mais a subir. É uma meia verdade, porque tudo tem seu limite. Preços elevados, acima da média, pode afetar a ponta consumidora que também tem limites a suportar. Há que se reavaliar essa forma de ver as coisas. Precisamos calcular nossos custos, definir nossa pretensão de rentabilidade e participar do mercado sem muita ganância, porque pode haver reverso da situação e como se diz na gíria, deixarmos passar o cavalo encilhado e depois não alcançamos mais nossa pretensão.

Neste momento, ao se concluir o plantio de inverno, já se começa a planejar o plantio de verão no Sul do país. O que se observa no meio rural, é que o agricultor está retardando as aquisições dos insumos, esperando baixar mais o preço. Não está atento que os preços já recuaram significativamente em relação ao ano passado, e que a relação de troca  de insumos – versos grãos, está num patamar bem mais positivo do que nos anos anteriores. Precisamos sempre considerar que os insumos tem uma relação bastante direta com os preços internacionais dos grãos. Um acompanha o outro, e as diferenças são insignificantes.

Se baixar mais os  preços dos insumos, os grãos veem atrás, especialmente nos produtos de mercado internacional. Cálculos que estão sendo feitos pelas cooperativas, mostram que nunca a relação de troca, dos custos de produção com os grãos foram tão positivos como neste momento. Se for analisado que as altas produtividades que estão sendo conseguidas  com a  utilização de novas tecnologias, pagam as lavouras com muita folga, como é o caso da soja e do milho.

Caiu o preço dos grãos em relação ao ano passado, porque naquele ano foi fora da curva. Diversos fatores extraordinários ocasionaram isso. Não se pode utilizar como base os preços dos grãos praticados no ano passado. Precisa ser considerado o que sobraria de resultado nesse ano. Se no milho se gastava quase  93 sacos para fazer um hectare de milho em 2022 e neste ano se gasta 68 sacos, a situação está bem melhor. Além disso os novos insumos, especialmente os fertilizantes especiais podem ampliar ainda mais produtividade, portanto, a rentabilidade, tanto no milho, como na soja está excepcional. O mesmo acontece no trigo e no arroz.

Os agricultores estão demorando para se definir nas compras dos insumos  neste ano e correm riscos de lá na frente perder mais. Outra preocupação que precisa estar presente, é não deixar para mais tarde devido a problemas de logística e armazenagem. No caso dos fertilizantes as fábricas não tem capacidade e espaços ilimitados. Os Portos já estão com problemas de congestionamento para receber os navios com matéria-prima e se acumular em cima da hora da utilização dos adubos, os custos de armazenem, transportes e estadias dos navios tendem a se agravar e ainda correr o risco de não dispor dos produtos na hora necessária. Portanto, cabe aos agricultores analisar com mais cuidado todos os problemas, e se concluírem que os custos por hectares atualmente são convidativos, devem se planejar para se abastecer. Se aguardarem demais, pode ser pior. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC.