Foi no apagar das luzes

Publicado em: 03/01/2022

Por Dolmar Frizon assessor de Comunicação da Fecoagro/SC

Quem vive o dia a dia do agro ou aprendeu a vive-lo, como esse vosso súdito aqui, sabe das agruras por que esse povo do campo passa para produzir alimentos. São bravos guerreiros, forjados na lâmina fina das adagas. E não só eles. Quem os protege, via associações ou federações, dormem com um olho aberto e o outro fechado. Porque se piscar, vem surpresa.

A última e a mais “insensata” foi a questão da tributação dos fertilizantes. A toque de caixa o governo queria fazer explodir na conta dos produtores os 04% que seriam diluídos até 2025, como rezava a regra do CONFAZ – o Conselho Fazendário.

Mas quem dorme com um olho aberto, enxerga longe. Foi aí que a FECOAGRO/SC, a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado, via direção executiva, percebeu essa manobra no apagar das luzes de 2021. Houve um alerta contundente, com apoio de outras federações que também seriam impactadas, e o governo decidiu puxar o freio de arrumação.

Portanto, até 2022, até o retorno dos deputados aos trabalhos, a tributação dos fertilizantes não será mexida. Essa é a promessa. A proposta é que com o aval da Assembleia esse processo seja definido, por lei, o que trará maior segurança ao campo.

Não bastassem a estiagem, a elevação dos custos de produção, as incertezas internacionais em relação aos insumos, o setor ainda precisa enfrentar esses problemas internos; algo que não deveria acontecer. Porque se todos jogassem no mesmo time, com planejamento estratégico, focados na rentabilidade de quem produz, o resultado econômico do Estado seguiria forte. Como é forte hoje em dia.

Enfim, seja no campo ou nas entidades que representam essa força econômica, o jeito é seguir em alerta, sem jamais perder a ternura da boa conversa. Digo que foi o diálogo, as vezes áspero é verdade, que marcou essa conduta até aqui. Isso se chama democracia. Porque não há necessariamente que se ter a convergência de pensamentos, o que precisa é coerência ética.

Agora não pensem vocês que o campo está silencioso assim porque tem medo de ameaças. Ele é assim, e sempre será assim, porque tem mais o que fazer. Precisa ser produtivo, rentável, excelente em tudo o que faz. Afinal, esse povo que trabalha muito e dorme pouco deveria ser referência pros “engomadinhos”, que gostam de um belo terno e gravata, mas que na maioria das vezes não se dá conta de que aquele prato saboroso, em belos restaurantes, tem a mão calejada desses mesmos que eles muitas vezes não respeitam.

Fonte: Fecoagro/SC