Dúvidas que precisam ser esclarecidas

Publicado em: 07/10/2019

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro

Alguns temas relacionados ao agronegócio e que têm sido objeto de discussões, precisam ser agilizados para avançar na sua resolução em SC. Embora se reconheça que tudo tem seu tempo, também deve ser compreendido que precisamos sair do “eu acho”, “deveria ser assim”, para chegar à conclusão das propostas, quer com resultado positivo, quer negativo.

Senão vejamos: o caso da Rota do Milho, por exemplo, vem sendo discutido há quase três anos. Se propagou que foram superados obstáculos e se anunciou benefícios aos consumidores de milho em SC, e que superados problemas legais e burocráticos, anunciada inclusive a inauguração da Rota por mais de uma vez, mas de concreto nada aconteceu. Há controvérsias sobre o que foi anunciado e do é viável.

Segundo o secretário da Agricultura Ricardo de Gouvêa, em recente reunião realizada em Foz do Iguaçu, com participação de representantes do Paraguai, Argentina e de SC, que são partes interessadas na Rota do Milho, ainda não tem nada de concreto do ponto de vista legal. Ou seja, está na estaca zero. O assunto precisa ser tratado em nível federal dos três países e não apenas a intenção de estados ou munícipios dos três países. Precisa de posições do Brasil, Argentina e Paraguai, e não apenas do Estado de SC, e outros municípios por onde passaria a Rota. Pelo que se sabe esse assunto até agora não foi tratado dessa maneira. Portanto, há necessidade de mais ação menos discurso sobre o ideal e o possível de acontecer.

Outro tema relevante de interesse dos catarinenses também precisa avançar rumo a definições. Como conseguir alternativas de suprimento de grãos para a produção de ração. Há pelo menos dois anos que vem se discutindo a possibilidade de estimular o plantio grãos de inverno, para reduzir a dependência de milho para a produção de ração. Diversas reuniões já foram realizadas, onde as entidades interessadas no assunto concluíram que pode ser produzido ração com trigo, triticale ou cevada. Produtores têm interesse em plantar culturas de inverno para aproveitamento das áreas ociosas e para otimizar as terras e até para cobertura do solo e proporcionar rotação de culturas e aumentar a renda na propriedade.

Foram apresentadas diversas alternativas, mas o assunto não sai do papel. Algumas agroindústrias já manifestaram interesse de comprar esses grãos para produzir ração, desde que com qualidade nutricional e preços compatíveis com o mercado do milho. Governo do Estado quer estimular com alguns subsídios no seguro, por exemplo, e recomendou a Epagri a participar na pesquisa de sementes adequadas.

Conversa vai, conversa vem, e a proposta não avança. Há divergências de opinião sobre as sementes atualmente disponíveis com novas variedades que precisariam ser pesquisadas. Alguns acham que com as variedades disponíveis é possível conseguir produtividade rentável. Outros dizem que precisa desenvolver sementes diferentes para produção de trigo para a ração. Outros dizem que a cevada é mais viável, e ainda outros dizem que com triticale é possível viabilizar. Aliás, nesse produto, apenas a Cravil de Rio do Sul resolveu bancar a iniciativa de estimular a cultura de triticale.  Já está recomendando e acompanhando lavouras de triticale para essa finalidade.

A última reunião do grupo que trata do assunto avançou quanto a providências, mas precisa avançar mais. Agricultores querem plantar; agroindústrias querem comprar.  O que está faltando? Tomada de decisão. Precisamos levar as definições, porque do jeito que está, vai chegar a hora do próximo plantio de grãos de inverno e ainda não teremos resoluções. Todos os interessados, plantadores, consumidores, cooperativas, técnicos e governo precisam se movimentar Do contrário vamos continuar dependentes do milho importado ou transportando de distâncias de mais de 2.000 km, onerando os custos de produção da ração e, por consequência, das carnes e do leite, dificultando a competição nos mercados consumidores. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro