Crise na China pode ser oportunidade para cooperativas brasileiras

Publicado em: 21/05/2019

Uma comitiva brasileira, chefiada pela ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Tereza Cristina, e que contou com a participação do coordenador da Câmara Temática do Leite da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Vicente Nogueira, esteve na China na semana que passou. O país tem enfrentando uma forte crise no setor pecuário, devido à Peste Suína Africana, também conhecida como PSA, sinalizando que há espaço para importação de proteínas animais de todos os tipos e, ainda, uma oportunidade para os exportadores brasileiros – sobretudo cooperativas.

A missão brasileira se reuniu com a CEO do Rabobank, na China, Pan Chenjun, e demais diretores do banco – maior cooperativa de crédito da Holanda e um dos principais bancos do mundo em serviços de financiamentos para o setor de alimentos e agronegócio.

Segundo os executivos, entre 2018 e 2019, a PSA deve resultar no abate de mais de 120 milhões de suínos, impactando a produção de carne em mais de 13 milhões de toneladas. O efeito negativo da PSA sobre produção e comércio exterior da China foi destaque nas reuniões técnicas entre brasileiros e chineses.

Em 2018, o Brasil exportou 919 mil toneladas de carnes bovina, frango e suína para os chineses. Os produtos estão no top cinco das exportações agropecuárias brasileiras ao país asiático.

Desde que a China registrou os primeiros casos da doença, em agosto de 2018, estima-se que o país tenha perdido cerca de 35% do rebanho. Análises do Rabobank apontam que até 200 milhões de porcos podem ser sacrificados ou mortos por causa da PSA. Os executivos do banco avaliam que os chineses precisarão de pelo menos cinco anos para retomar o rebanho no patamar anterior à doença.

Segundo Vicente Nogueira, representante das cooperativas agropecuárias brasileiras, diante desse cenário e, também, considerando as incertezas da guerra comercial entre o país asiático e os Estados Unidos, a diversificação de clientes e mercados, por exemplo, por meio de feiras, se mostra ainda mais importante.

“As cooperativas brasileiras têm feito muito bem seu dever de casa e, com todos esses fatores, é possível afirmar que elas têm condições de aproveitar o momento para ampliar sua participação no mercado asiático”, avaliou.

O coordenador da Câmara de Leite do Sistema OCB, Vicente Nogueira, participou também da abertura do pavilhão brasileiro na feira SIAL China, ao lado da ministra Tereza Cristina. A SIAL China é a maior feira de alimentos do país e de todo o continente asiático. O Brasil participa do evento com espaços para diversas cadeias, como café, chocolate, vinhos, castanhas, lácteos e mel – cadeias importantes para o cooperativismo e com grande potencial de crescimento no mercado chinês.

Fonte: Sistema OCB por Aurélio Prado, com adaptação da Fecoagro