Análise da oferta e da demanda do complexo soja no Brasil

Publicado em: 22/02/2021

A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) manteve as suas projeções de produção e consumo de soja e derivados em 2021, com esmagamento de 46,3 milhões de toneladas, inalterado ante a previsão de dezembro. Quanto ao farelo, a expectativa de produção foi mantida em 35,3 milhões de toneladas, com exportações de 17,1 milhões de toneladas e consumo interno de 17,4 milhões de toneladas. O único ajuste foi nas previsões de estoque inicial e final, em virtude de revisões na safra 2020. A estimativa de estoque inicial aumentou de 2,115 milhões para 2,177 milhões de toneladas, enquanto a previsão de estoque final aumentou de 2,915 milhões para 2,977 milhões de toneladas.

Já quanto ao óleo de soja, a Abiove deixou estável a projeção de produção em 9,3 milhões de toneladas, assim como as previsões de exportação, em 500 mil toneladas, e consumo interno, em 9,2 milhões de toneladas. O estoque inicial sofreu leve corte, de 299 mil para 289 mil toneladas, refletindo ajustes na safra 2020. Já a previsão de estoque final caiu de 199 mil para 189 mil toneladas.

“A gente acredita que o esmagamento está em um patamar bastante bom, suficiente para atender a tudo que o Brasil precisa em termos de farelo e óleo. Caso haja um aumento de consumo de proteína ou óleo, pode ser que a demanda por esmagamento até seja maior, mas por enquanto esse é o cenário que estamos visualizando”, disse o economista- chefe da Abiove, Daniel Furlan Amaral, ao Broadcast Agro.

Espera-se que, com o fim das festividades do Ano Novo Chinês, a demanda retorne para a soja brasileira, com embarques de março em diante, melhorando um pouco os preços. Esta melhora é real, mas não explosiva, como no final do ano passado. Como estão muito elevados, os preços irão subir mais devagar, tateando na escuridão, para dar tempo à demanda de absorver os novos aumentos.

Contudo, o atraso de mais da metade da média histórica na colheita da soja no Brasil poderá desviar a demanda chinesa ainda para os EUA nos próximos 30 dias, até meados de março, reduzindo os prêmios pagos no período e, consequentemente, os preços pagos pela exportação.

Mas, esta falta de demanda chinesa poderá ser amplamente compensada com a demanda local, pois há grande falta de matéria-prima (soja em grão) para o abastecimento das esmagadoras brasileiras que tratarão de abocanhar parte desta colheita oferecendo preços um pouco melhores, embora os preços do óleo e do farelo estejam em leve queda.

Fonte: T&F Agroeconômica