Uma nova alternativa de abastecimento de milho em SC

Publicado em: 09/07/2018

Por Ivan Ramos – diretor executivo da Fecoagro

Esse assunto não é novidade para nós catarinenses, mas vez por outra precisa ser retomado. A maioria das vezes por consequências negativas, mas essa de hoje pende mais para o lado positivo. O abastecimento de milho para o setor de agroindústrias e para os criadores de suínos, aves e leite, vai contar com uma nova alternativa de suprimento a partir da próxima semana.

A Rota do Milho deve ser inaugurada oficialmente nos próximos dias. Depois de inúmeras tratativas entre governos dos três países do MERCOSUL (Brasil, Argentina e Paraguai), finalmente será liberado o tráfego dos caminhões que trazem milho do Paraguai, através do território argentino, chegando ao Oeste catarinense através do Porto Seco de Dionísio Cerqueira.

Um grupo de empresários, políticos, juntamente com organismos municipais e estaduais dos três países, conseguiu a liberação do transporte do produto do Paraguai, via Argentina, possibilitando a redução da distância no transporte.  Até agora já se traz milho do Paraguai, porém, via Foz Iguaçu (PR), aumentando a distância e, principalmente, enfrentando o congestionamento na Alfândega, devido ao expressivo volume de trânsito por aqueles acessos. A nova alternativa evidentemente não vai suprir integralmente as nossas necessidades de milho, mas se conseguir trazer um milhão de toneladas como se estima, contribuirá para reduzir significativamente o custo do frete, pois o transporte do Centro-Oeste onera de 4 a 5 vezes mais devido à distância e o frete passar a ser um componente muito grande nos custos de produção das rações.

A implantação da Rota do Milho encontrou muitas dificuldades, não apenas burocráticas entre três países, como também pela falta de infraestrutura nos portos de ingresso em cada país. Houve necessidade de realizar obras que viabilizassem o tráfego e estacionamentos dos caminhões para a devida regularização de importações, mas também ocorreu pouca vontade de alguns órgãos de controle, e segundo se fala nos bastidores, parte por ingerência de outros interesses na viabilidade da Rota.

Felizmente os percalços foram superados. Embora muitos achem que pouco vai resolver, há que se iniciar o trecho para se identificar as outras necessidades. Ainda terão que caminhões passar por balsa sobre o Rio Paraná, e as rodovias no Paraguai terão alguns trechos sem asfalto. Mas espera-se que cada país faça sua parte, e num futuro não muito distante se tenha a estrada ideal e uma ponte sobre o Rio Paraná. Em SC o que precisamos é agilidade na aduana de Dionísio Cerqueira, com pessoal suficiente para a liberação, tanto no Ministério da Agricultura, como na Receita Federal.

As lideranças regionais e setoriais precisam continuar atentas para pressionar para viabilizar esse processo. Afinal, trazer milho com custo menor, beneficiará os produtores e consumidores e os governos com a melhoria da arrecadação de tributos. E tudo o que se conseguir de redução será positivo para todos os lados. Pense nisso.