Setor da avicultura faz apelo ao governo por conta do preço do milho

Publicado em: 07/05/2021

A explosão dos preços da soja e do milho no ano passado, a qual se acentua agora no caso do milho, leva o setor de carnes, especialmente avicultura e suinocultura, a uma crise sem precedentes. O milho, principal componente da ração de aves, saiu de R$ 35 a saca de 60 quilos há um ano, chegou a R$ 70 em dezembro e agora caminha para R$ 110, um salto triplo para o período. Sem ver saída, o setor vai recorrer ao governo federal.

Segundo o vice-presidente do Sindiavipar (Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná), José Antonio Ribas Junior, este “é o momento mais crítico, difícil da história do nosso setor”. A consequência imediata será a redução da produção já a partir deste mês maio, mas não está descartado o fechamento de unidades. “A crise no passado era de desabastecimento. Agora tem crise no abastecimento, preço muito difícil, pandemia, e consumidor descapitalizado. Equação absolutamente negativa. Nunca tinha juntado tantos fatores junto. Precisamos de medidas muito contundentes ou veremos empresas não operacionais”, alerta.

Ribas Junior explica que, ano passado, o setor tinha expectativa de que o preço do milho havia atingido o teto e que retornaria ao equilíbrio. Em Santa Catarina, o milho já era vendido a R$ 105 a saca no balcão. “Todos os sinais indicam que chega a R$ 110 a saca. Por duas razões: primeira que o estoque mundial está baixo, a Bolsa de Chicago está puxando para cima e a situação climática está gerando movimento especulativo por conta do déficit de chuva, tudo isso tem contribuído para o cenário especulativo de subida de preço”, resume o representante do setor.

Segundo Ribas Junior, o custo do animal vivo aumentou 35% em um ano, mas porque parte desses animais comeu milho mais barato. Se fosse feito um recorte no tempo, agora, esse aumento já passaria de 40%.

A ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) entregou um documento ao governo federal pedindo ajuda. “Tivemos uma conversa com ABPA e fizemos um documento para o governo. O setor tem duas preocupações que inverteram de prioridade. Um mês atrás, era preço do produto; agora, nossa primeira preocupação é disponibilidade de milho”.

Ribas Junior disse que, dentre os pedidos feitos ao governo, estão a liberação mais ampla das importações, crédito para capital de giro para as empresas suportarem esse momento, e incentivo imediato para o cultivo de cereais de inverno.

Fonte: por Redação da Revista Avicultura Industrial com informações de O Paraná / Foto: O Paraná