Será que agora vai?

Publicado em: 22/07/2019

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro

Mesmo que a trancos e barrancos, parece que as coisas estão mudando na nossa política e economia brasileira. É verdade que para mudar comportamentos de políticos tradicionais e acostumados com o sistema perverso de decisões por tráfego de influência, ou interesses de corporações de servidores públicos com vícios enraizadas em todas as esferas, não é tão fácil conseguir mudar.

Os políticos e lideranças bem intencionadas, que pensam no coletivo, no futuro das pessoas e do país têm se comportado adequadamente, mas ainda temos um número expressivo de privilegiados que não querem perder as benesses que conseguiram, mesmo tendo consciência que se não houver mudança de comportamento com os gastos públicos, lá na frente vai ter consequências piores. É o famoso ditado popular: “Quem não faz no amor, faz na dor”.

A aprovação quase que consolidada da Reforma da Previdência, mesmo com as vantagens para algumas categorias que se acham superiores aos demais brasileiros; e mesmo com a benevolência de políticos corporativistas que olham só para seu umbigo ao defenderem a permanência de privilégios, dá para sentir que existe certo otimismo com as mudanças previstas, não apenas na população, mas também nos mercados. Enganam-se aqueles que acham o assunto não lhes atinge. Toda a economia do país terá reflexos pelas decisões tomadas, quer a médio ou a longo prazo.

Na área  rural e no cooperativismo não é diferente. Tudo o que se decide com reflexos econômicos, atinge o setor. Direta ou indiretamente. Com a aprovação da Nova Previdência, embora capada nos valores pretendidos, e com as boas perspectivas de aprovação da Lei Tributária que será o próximo embate no Congresso Nacional, o país tende a sair da lama. Não está sendo como precisava, mas já se tem avanços.

A população precisa continuar vigilante nas decisões que são tomadas pelos parlamentares. Cada eleitor votou em alguém e esse alguém deve prestação de contas à população. Se votar privilegiando alguém ou categorias, em detrimento da maioria, a população tem o instrumento de excluí-lo nas próximas eleições.

Está mais do que claro, que as corporações, especialmente o funcionalismo público que tem um tratamento privilegiado de salários incomparável com a iniciativa privada, são bem mais articuladas para conquistar suas pretensões. A votação dos destaques na Câmara comprovou isso. Os demais setores da sociedade também precisam se mobilizar mais.

O setor agropecuário continua sendo o menos influente nas decisões políticas. Conseguem migalhas, mas mesmo assim por influência de terceiros e não do próprio setor. Se quisermos conquistar algo para o setor e para o país, temos que nos mobilizar. As entidades associativas precisam estimular a presença nas Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional, caso contrário ficaremos sempre a reboque de outros setores.

O atual governo não acertou em tudo. Já fez bobagem em determinadas decisões. Já falou algo que não deveria, já defendeu causas não prioritárias nesse momento, já errou bastante, mas deve ser reconhecido que tem sido corajoso em atacar problemas nunca antes assumidos por nenhum governante.

Portanto, mesmo aqueles que votaram em Bolsonaro por falta de outra opção melhor para mudanças e a despeito do que diz em alguns setores da mídia, especialmente aquela que sempre teve benesses e agora terá que ficar na vala comum, há muito que se reconhecer que existem muito mais pontos positivos do que negativos.

O ‘Quarto Poder’, como é chamada a mídia, também terá que se enquadrar, na realidade brasileira e deixar de só mostrar os pontos negativos ou questionáveis do governo. Se a mídia existe é porque a população apoia com audiência, portanto, está na hora de nós também filtrarmos nossas preferências, ignorando as reportagens apelativas e direcionadas, buscando outras alternativas de informação. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro