Secretaria da Agricultura apresenta avaliação de impactos da estiagem na produção agropecuária em SC

Publicado em: 09/11/2020

Agronegócio catarinense já sente os efeitos da estiagem prolongada no Estado. Durante encontro da governadora Daniela Reihner com lideranças do setor produtivo, Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural e Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) apresentaram a avaliação de impactos da seca na produção agropecuária e as ações já executadas em apoio aos produtores rurais.

“Os reflexos da estiagem que vem castigando Santa Catarina são sentidos em todo o Estado, e o foco neste momento é o atendimento emergencial e imediato aos atingidos. Vamos continuar agindo, e já pedi relatórios das perdas nos diferentes setores para buscar mais ajuda e minimizar os efeitos da estiagem”, anunciou a governadora Daniela Reihner.

A estiagem que assola Santa Catarina teve início em junho de 2019 e já se mostra a mais severa desde 2005. “A estiagem já se mostrou como um evento cíclico em Santa Catarina e nós precisamos pensar em ações a longo prazo para que possamos dar mais tranquilidade aos produtores rurais. A criação do Gabinete de Crise é uma oportunidade de unirmos esforços para melhor atender os agricultores”, ressalta o secretário da Agricultura, Ricardo de Gouvêa.

A presidente da Epagri, Edilene Steinwandter, lembra a importância de estar próximo dos agricultores familiares neste momento de crise. “Cabe à Epagri identificar as regiões mais atingidas e levar aos produtores rurais as políticas públicas adequadas para superação deste momento. Nossas equipes de extensionistas e pesquisadores estão trabalhando incansavelmente para desenvolver tecnologias de baixo impacto para manejo e conservação de solo, além de gerar informações confiáveis para a sociedade”.

Ao longo de 2020, a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural concentrou seus recursos para atender os produtores rurais que tiveram prejuízos com a estiagem e com outros problemas climáticos. Este ano, foram criados novos programas e linhas de crédito para incentivar os investimentos em sistemas de captação e uso de água, além de projetos de apoio à reconstrução de estruturas prejudicadas com eventos climáticos extremos.

“Com o programa de Fomento Agropecuário somado aos novos programas que criamos este ano, investimos mais de R$ 24 milhões no apoio do setor produtivo, beneficiando cerca de 1.400 famílias. Estamos fazendo um grande esforço para incentivar a construção de cisternas e a perfuração de poços artesianos”, destaca o secretário Gouvêa.

O analista Haroldo Tavares Elias apresentou a avaliação do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) sobre o impacto da estiagem na produção agropecuária catarinense. O Extremo Oeste é a região catarinense cujos cultivos agrícolas estão em situação mais delicada em decorrência da estiagem. Em seguida aparecerem Oeste e Meio-Oeste. Milho (silagem e grão), fumo e pastagens sãos as as culturas mais atingidas até o momento.

Segundo a Epagri/Cepa, milho silagem acumula perda média de -6,75% na produção estadual, resultando numa produção esperada de 8,8 milhões de toneladas. Na região Extremo Oeste a perda média é de -13,76%, enquanto no Oeste fica em -7,24% e no Planalto Norte chega a -10,03%. Em relação às condições das lavouras implantadas, 66,1% são consideradas boas, 21% médias e 12,8% ruins. Alguns municípios destas regiões já contabilizam perdas na produção superiores a 60%.

Para o milho grão primeira safra, até o momento, a perda média esperada para o Estado é de – 4,12%. O maior impacto está no Extremo Oeste, onde a quebra de produção média é de -19,07%. No Oeste a perda está em -9,2%. Do total de lavouras do Estado, 56,5% estão em condição boa, 30,9% em situação média e para 12,6% a condição é considerada ruim. Neste cenário, a produção esperada é de 2,8 milhões de toneladas. As condições de lavoura ruins em boa parte das áreas plantadas e a previsão de pouca chuva nos próximos dias dão indicativos de que até o final da safra a quebra deverá ser maior.

Até o início de novembro, diversas regiões registravam impactos negativos da estiagem sobre a qualidade e quantidade de pastagens disponíveis para a produção animal, o que afeta o ganho de peso e a produção de leite, bem como na disponibilidade de água para os animais. As regiões mais atingidas são Extremo Oeste, Oeste e Meio-Oeste, que respondem por 80% da produção leiteira catarinense.

No arroz, a quebra de produção média esperada até o momento para o Estado é de – 1,66%, com maior impacto no Sul, onde as perdas estão estimadas em -2,89%. Com base nisso, a Epagri/Cepa calcula uma produção total de 1,18 milhão toneladas para a safra 2020/21. No entanto, a maioria das lavouras (96,8%) está em boas condições e 3,2% em condição média, o que indica que as perdas estimadas não devem ser superiores às apresentadas. Pode haver até mesmo uma reversão deste quadro, visto que a região produtora de arroz não é a mais impactada pela estiagem.

A cebola, cultura em que Santa Catarina é líder nacional, deve encerrar a safra 2020/21 com uma produção de 475 mil toneladas, variação média estadual de -1,76% até agora. A Epagri/Cepa estima perda de -15,78% no Meio-Oeste, -8,33% no Planalto Norte e -8,17% no Vale do Itajaí, principal região produtora. Até o momento, 82,6% das lavouras estão em boas condições, enquanto 16,6% apresentam condições e médias e apenas 0,8% têm condição considerada ruim.

No caso da aveia, produção esperada é de 44,8 mil toneladas, volume 11,22% menor na comparação com o ciclo agrícola anterior. A região mais atingida é o Planalto Norte, com quebra de produção estimada em -28,15%. No Meio-Oeste as perdas chegam a -18,95% e no Extremo Oeste a -14,45%. Com 71,4% das lavouras já colhidas, a condição dos plantios é considerada boa em 74% do total a ser colhido, média em 19,1% e ruim em 7%.

O trigo deve ter aumento de produção de 5,6% devido ao crescimento da área cultivada. Apesar disso, são esperadas perdas de -11,39% no Meio-Oeste, -7,08% no Oeste, e pequena alta de 0,37% no Extremo Oeste. Com relação às condições de cultivos, em 63% da área ela é considerada boa, 24,8% média e ruim em 12,2% do total.

Segundo a Epagri/Ciram,  nos dias 09 a 11, as condições atmosféricas ficam mais favoráveis à ocorrência de chuva no Estado, devido ao aquecimento e influência de áreas de baixa pressão. Nos dias 12 e 13, o tempo volta a ficar mais seco no Oeste e Meio-Oeste, e a condição de chuva fica restrita a faixa Leste do Estado (Planalto ao Litoral).

A previsão até janeiro é de chuva abaixo da média climatológica, com irregularidade no espaço e no tempo e com dias consecutivos sem chuva, devido à atuação do fenômeno La Niña. Em novembro a chuva pode ser ainda mais escassa.

Fonte: Assessoria de imprensa da Epagri