Presidente da OCB diz que o cooperativismo está preparado para a pós-pandemia

Publicado em: 05/03/2021

Para o presidente da OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras, Márcio Lopes de Freitas, as cooperativas estão preparadas para enfrentar os problemas que virão após a pandemia do coronavírus.

“Não vamos nos iludir que teremos uma volta para a humanidade antiga, porque o que está acontecendo é uma transformação nos tecidos fundamentais da sociedade”, disse Lopes de Freitas em entrevista para a revista “Saber Cooperar”. Lembra que correram mudanças de valores, de princípios, instituições perderam força e houve um fortalecimento da economia participativa. “Eu antevejo o surgimento de uma nova humanidade, com novos interesses e novas oportunidades. E acho que o cooperativismo tem tudo a ver com essa nova humanidade, com essas novas gerações. Eu acredito muito nisso e acredito que nós — sabendo nos organizar e trabalhar com integridade, inovação e sustentabilidade — vamos continuar avançando no pós-pandemia”.

Destaca que “a principal prioridade é continuar trabalhando bem, como as cooperativas fizeram em 2020, sendo capazes de liderar com confiança e superação, fatores que ajudaram a mitigar os efeitos da pandemia”.  O presidente da OCB acredita em 2021 “não será um ano fácil, mas se as cooperativas permanecerem organizadas, unidas, vamos conseguir superar esses desafios e atravessar  2021 melhor do que como atravessamos 2020”.

No âmbito das contas públicas, Márcio Freitas manifesta preocupações. Diz que teremos uma conta econômica a pagar em 2021 e quem primeiro o governo federal vai querer recompor o seu caixa. “Então preocupa, em primeiro lugar, a Reforma Tributária. Temos que fazer um esforço muito grande, não para que a gente tenha um tratamento diferenciado, mas para que o Ato Cooperativo, a relação entre a cooperativa e o cooperado, tenha o adequado tratamento tributário, com justiça. Muitas vezes o poder público não reconhece o fato de a cooperativa ser parte do cooperado, então ele tributa duas vezes. Por isso, a preocupação pontual seria a Reforma Tributária e tudo que advém disso”.

O presidente da OCB diz que a entidade acompanha pelo menos 800 projetos em tramitação no legislativo que influenciam a vida das cooperativas. Desses, a agenda prioritária das cooperativas tem em torno de 60 projetos, em que o principal é a Reforma Tributária, mas que tem outro como a Reforma Administrativa, a possibilidade de as cooperativas participarem um pouco mais da força de trabalho nos processos de privatização, nos processos de “desinchaço” do Estado. “Estamos acompanhando e preparados para esse jogo”, assegura Márcio Lopes de Freitas.

Falando sobre os ramos do cooperativismo brasileiro, o presidente diz que todos os setores continuarão se desenvolvendo, com destaque para três ramos:  Agropecuário, Crédito e Saúde.  “As cooperativas, hoje, são responsáveis por cerca de 54% da produção agropecuária brasileira. Outro setor com desempenho consagrado é o Crédito, que em 2020 cresceu acima dos bancos comerciais, e deve continuar assim em 2021. Afinal,  as cooperativas continuam inspirando confiança, tratando o cooperado como pessoa e não como número, e isso é um diferencial incrível nesse momento de crise”, acrescenta o presidente do Sistema OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras.

Fonte: Revista Saber Cooperar edição 32 por Paula Andrade / com adaptação da Fecoagro/SC