Precisamos planejar mais para enfrentar as estiagens

Publicado em: 30/11/2020

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro

Em nosso meio existem diversos adágios populares ou frases de efeito, que traduzem com propriedade algumas realidades do cotidiano. Por exemplo: “o turismo é uma fábrica sem chaminé”; ou “a agricultura é uma indústria a céu aberto”, portanto, com altos riscos. Nesse caso o setor tem vivido isso com frequência.

Além dos riscos de mercado, das pragas e até do poder aquisitivo da população, o clima tem sido o grande causador de perdas para os agricultores. As estiagens têm ocorrido cada vez com mais frequência, embora elas sempre tenham existido com maior ou menor intensidade.

Se vale as afirmações de especialistas de que o aquecimento global contribui para isso, a tendência é as estiagens se fazerem presentes ainda mais no setor agropecuário.

Neste ano o problema vivido em SC e no Sul do país tem sido mais expressivo, tanto em intensidade, como em duração.  Há mais de um ano que não chove satisfatoriamente em SC, e isso tem causado prejuízos expressivos em quase todos os setores da produção, especialmente na região Oeste do estado, principal polo de produção agropecuária.

O governo do Estado tem estado presente, com agilidade e competência para socorrer as emergências, adotando diversas medidas para amenizar o problema dos nossos agricultores.

Até mesmo o Legislativo Estadual tem destinado recursos do seu orçamento para contribuir em programas da Secretaria da Agricultura para ajudar nossos produtores rurais.

Tudo isso ajuda, mas não resolve o nosso problema para o futuro. Há que se implementar programas permanentes para enfrentar esse tipo de imprevisto.

Fazer chover ninguém consegue, mas se prevenir para períodos de secas, é possível. Governos Estadual e Federal precisam, urgentemente, criar programas permanentes para enfrentar fases como essa que estamos vivendo. Se a agropecuária é o motor da economia no estado e no país, precisa ser olhada com maior atenção.

De outra parte, os agricultores também precisam se planejar mais para enfrentar esse tipo de crise. No caso dos criadores de suínos, aves e bovinos podem ser prevenir com estocagem de água quando chove, para dispor dela quando vier a faltar.

A Secretaria da Agricultura de SC tem programas de subsídios dos custos financeiros para construção de cisternas, barragens, açudes ou outros meios de enfrentar a estiagem, mas a adesão tem sido pouca. Portanto, cabe também aos agricultores se precaverem. A Epagri dispõe de técnicos para orientar esses projetos, e o estado tem bancado os principais custos desses investimentos.

Se assim procederem, pelo menos água para os rebanhos, que em SC representam muito, não faltaria em épocas de estiagem.

Para as lavouras, onde o tipo de cultura não comporta investimento com irrigação, infelizmente fica na dependência de São Pedro, mas com planejamento nas atividades poderia com certeza reduzir os riscos e prejuízos, para os agricultores e para a sociedade. Pense isso.

Fonte: Fecoagro