Os avanços do Plano Safra

Publicado em: 12/07/2021

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro/SC

Existe um conceito popular que diz que o ser humano é insaciável nos seus desejos. Sempre está querendo mais. Nunca está satisfeito com o que tem. Se de um lado isso pode ser positivo, provocando estímulo para o aperfeiçoamento das atividades que desenvolve, contribuindo para o progresso e o desenvolvimento, por outro lado, também precisa ser reconhecido os avanços já conseguidos, e comparado com o passado, para valorizar o disponível na atualidade. Desde que me conheço ouço reclamações sobre as ações governamentais com relação ao apoio à agricultura. São frequentes as queixas de que falta isso ou aquilo para valorizar o setor. Reivindicar também é válido e necessário, mas reconhecer deve fazer parte da nossa conduta.

Nesse momento queremos nos referir ao Plano Safra 2021/2022 anunciado recentemente pelo Governo Federal e já deve estar em execução. Muito se criticou da demora do anúncio, muito se especulou do seu conteúdo, das taxas de juros, dos valores que seriam disponibilizados, diante da atual crise econômica e política no país. Analistas econômicos chegaram a afirmar que o Plano seria pior que os anteriores. Os negacionistas já torciam que fosse pior, para ter um motivo a mais para criticar o Presidente da República. Os pregadores do caos afirmavam que o Plano viria contemplar o desmatamento, agressões ao meio ambiente e alijaria os pequenos agricultores do processo, privilegiando o agronegócio de exportação. Todos tiveram que engolir o discurso.

A ação das entidades de representação como a OCB e CNA na formulação das propostas, e a influência e credibilidade da ministra Tereza Cristina dentro do governo, mostrou que a intenção de valorizar o setor agropecuário continua na ordem dia. Os números recordes de R$ 251 bilhões anunciados para financiar a safra 2021/22; a ampliação do leque de programas em diversos negócios dentro do setor; a ampliação dos valores para o seguro agrícola; a volta do programa de armazenagem; o avanço dos recursos para a agricultura familiar, e outras medidas, são demonstrações de que a agricultura continua como prioridade no Governo Federal.

Evidentemente que a situação econômica do país devido a pandemia onde o agronegócio foi o principal suporte econômico, deve ter contribuído para o reconhecimento das decisões governamentais. Mas também temos que reconhecer que o país tem outros setores a atender para enfrentar a crise, e não podemos exigir exclusividade. As taxas de juros tiveram uma pequena majoração, até para acompanhar o mercado financeiro, e foi o único “senão” apontado pelas lideranças do setor agropecuário nesse novo Plano Safra.  Se continuar o atual mercado das comodities agrícolas, essa pequena alteração será absorvida automaticamente.

Portanto, cabe-nos reconhecer o que veio de positivo nesse Plano; e de agora em diante colocar a mão na massa para preparar o plantio. Os insumos agrícolas subiram de preços, mas os grãos também e a princípio estão equiparados. Ademais, a sobra da safra deste ano, para aqueles que sabem se planejar, deve ter reservas para eventuais dificuldades. A verdade é que com crise ou sem crise, com altos e baixos, com tecnologia e com trabalho e sem ganância de preços, o agricultor continua se mantendo e pelo que se ouve, vivendo muito melhor do que muita gente urbana. Portanto, valorizemos o que dispomos. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC / Foto:  Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro/SC.