Mais uma semana perdida

Publicado em: 06/04/2020

Por Ivan Ramos
Diretor executivo da Fecoagro 

A crise da saúde publica e da economia, continua. Mais uma semana de um Brasil praticamente parado por um problema internacional, que afeta a todos indistintamente, e que gera polemica em cada país, na forma de interpretar os fatos. Pode-se dizer que mais uma vez se aflora o principio de que cada um defende o seu quinhão, não ficando muito preocupado com o dos outros.

O problema existe, mas os nossos líderes ainda não enxergaram que por atingir a todas as camadas precisa ser resolvido de forma coordenada, unida, olhando para todos os lados. Ha que se procurar resolver a situação de forma menos traumática, mas com a compreensão de todos. As duas principais linhas de defesa são: uma quer afastamento total das pessoas do convívio social para não expandir o vírus; a outra também quer evitar o vírus, mas sem paralisação total da economia por entender que lá na frente virá outro vírus, que na visão dessa linha vai ser pior do que o atual: a falta de emprego e renda à população.

Os dois tem razão só que no meio entra as pretensões politicas, e a intenção de mostrar que sabe e manda mais, e não querem dar o braço a torcer para o outro lado. No meio ainda tem a interferência negativa de parte da imprensa, que por ser controladora da audiência nacional se acha em ser o terceiro Poder, e quer destruir quem não pensa igual a ela. É lamentável que uma rede e televisão tão importante, com tanto reconhecimento de qualidade técnica, com tantos exemplos positivos de coberturas jornalísticas, acabe descambando para uma posição politica vingativa, deixando a impressão que só está pensando nela e não no seu publico. Só tem procurado erros nas entrelinhas dos desafetos. Isso não se pode dizer que é imprensa livre, sem lado. Mais cedo, mais tarde, vai pagar caro por isso.

Qualquer pessoa de sã consciência sabe que precisamos adotar todas as medidas possíveis para controlar essa doença, mas também sabe que quem tem condições deve trabalhar para não deixar país parado. Isso também deve ser considerado. Vejamos os exemplos do agronegócio. Praticamente todos estão trabalhando normalmente, no interior e nas agroindústrias e nem por isso estão isentos das contaminações, mas têm adotado providências preventivas olhando os dois lados do problema. Em que pese às atividades da produção agropecuária seja isolada, o mesmo caso não é nas agroindústrias, pois há aglomerações normais, mais controladas e por isso não está sendo afetada.

Para as demais atividades econômicas têm que se adotar critérios semelhantes. Controle mais restritos, de acesso e convivência, mudanças de hábitos sociais, mas continuar trabalhando.  Parece ser essa a intenção do Presidente da Republica e de uma ala do setor econômicos do país. Estamos em tempos de mudanças de costumes, e precisamos nos adaptar. Manter idosos e doentes isolados em casa, e funcionários que podem trabalhar remotamente são providencias possíveis. São medidas a adotar progressivamente, sem prejuízo do controle sanitário. A tecnologia hoje contribui para isso e certamente novas surgirão para enfrentar a crise.

Para quem crê em Deus, a verdade é que Ele faz o certo com linhas tortas. Está mostrando para a humanidade que precisa de mais solidariedade, mais inclusão social, e menos egoísmo, e ao mesmo tempo possibilitado que o agronegócio continua trabalhando e produzido para alimentar aqueles que via de regra, não se deram conta que somos todos iguais e que juntos somos mais fortes. Pense nisso.