Mais Milho novamente em discussão

Publicado em: 04/03/2019

Por Ivan Ramos

Nesta semana que passou mais uma vez o principal problema que afeta o agronegócio em SC entrou na pauta de discussões. Desta feita durante a realização do Dia de Campo da Copercampos, em Campos Novos. O Fórum Mais Milho, organizado pelo Canal Rural, que aqui em SC aconteceu pela quarta vez, foi objeto de debates entre produtores, cooperativas, agroindústrias e governo do Estado.

A deficiência de abastecimento de milho em SC, para atender a demanda das agroindústrias e dos criadores desta vez discutiu alternativas para encontrar caminhos para suprimentos de matéria prima para produção de rações com outros grãos, em especial com culturas de inverno. A necessidade de ampliação da produtividade de milho em nossas áreas, através do uso de mais tecnologia, fez parte das discussões, mas além da produtividade  ainda entrou nas discussões as alternativas de logística para trazer milho para SC com custos menores.

Se dependermos de trazer pelo menos quatro milhões de toneladas do cereal todos os anos, temos que buscar em algum lugar. Começamos pelo estado Paraná, atingimos o MT e até outras regiões de produção do centro-oeste, e em menor escala, importando do Paraguai.

A logística de transporte continua sendo o principal problema para esse abastecimento, por ser um componente importante nos custos, somado às deficiências de infraestrutura das estradas e portos nas importações. Ficou claro mais uma vez que há necessidade de providências oficiais e governamentais para minimizar esses problemas, e observou-se certo pessimismo dos presentes sobre a resolução em curto prazo dessas deficiências.

A alternativa é incentivar as culturas de inverno para produção de ração. Também mereceu especial atenção dos presentes no Fórum de Campos Novos para que  haja avanço nos estudos para produção de trigo e triticale. Entidades da área técnica, como a Epagri e Embrapa foram convocadas a buscar alternativas de genética de sementes com produtividade compatível com as necessidades de produção e do mercado para se atingir viabilidade econômica na produção e substituição do produto por grãos de inverno, e tentar diminuir a dependência de milho para a fabricação de ração.

Pelos números apresentados há possibilidade dessa nova cultura de trigo para fabricação de ração, entretanto, há necessidade de comprometimento na participação da cadeia produtiva, isto é, da produção à comercialização, e ai precisa da participação das agroindústrias, comprando a produção antecipadamente, e por preços compatíveis com os custos e rentabilidade do agricultor, sob pena da proposta não prosperar.

Surgiram muitas reclamações por parte dos produtores sobre o comprometimento das agroindústrias na compra, inclusive do milho, pois não está havendo preocupação em remunerar o produto, levando ao desestímulo e transferência das áreas para a soja ou outras culturas de menor custo e maior rentabilidade.

Se viabilizada a utilização de grãos de inverno para produção de ração, além de ajudar a resolver o problema de abastecimento de matéria prima, oportunizará ao agricultor aproveitamento das áreas ociosas no inverno contribuindo para o resultado global das propriedades permitindo o  aproveitamento dos resíduos de fertilidade dos solos nas culturas de verão, além da rotação e a sucessão de culturas.

Como explicou o ex-secretário Airton Spies, para que isso vá em frente, precisamos de pesquisa de sementes apropriadas, utilização de tecnologias e a participação dos consumidores da cadeia, tratando o assunto com responsabilidade no suprimento de matéria prima, que se não tiver aqui, tem ali, mas com custos fora da realidade histórica do mercado e sempre sujeitos a escassez, quer por questões climáticas, quer por influência do mercado internacional.

Portanto, o assunto está em discussão e uma resolução participava, poderá atender os interesses de ambas as partes, produtor e consumidor de milho e trigo. Pense nisso.