IV Encontro Regional de Apicultores discute as inovações e os desafios do setor

Publicado em: 15/08/2018

Santa Catarina é referência para a apicultura brasileira. Com a melhor produtividade, associativismo forte, boas indústrias de equipamentos, o Estado conta com os maiores exportadores de mel do País e experimenta um crescimento expressivo nos últimos anos. Isso porque diversas ações vêm sendo desenvolvidas para fortalecer esse setor que é essencial para a sustentabilidade do planeta. Entre as atividades mais recentes esteve o IV Encontro Regional de Apicultores, realizado em Xanxerê. A promoção foi da Epagri, Sebrae/SC e Federação das Associações de Apicultores e Meliponicultores de Santa Catarina (FAASC) em parceria com o La Salle, SINTRAF e Unoesc.

O presidente da FAASC, Nésio Fernandes de Medeiros, realça que em 2013 iniciou o processo denominado “choque tecnológico” visando melhorar a produtividade por meio de um mutirão entre Epagri, Sebrae/SC, Senar e universidade com articulação da FAASC. “A apicultura hoje é muito forte no planalto e na região de transição entre planalto e litoral, mas a tendência é transferir para o Oeste. O produtor rural daqui é dedicado e busca implementar melhorias e tecnologia. Esse evento com mais de 300 participantes é uma prova disso”.

Medeiros ressaltou, ainda, a importância que a apicultura exerce no planeta. “Quando o assunto é mel estamos falando de um subproduto. A principal função da abelha é o serviço de polinização que presta à humanidade. O oxigênio que respiramos vem do vegetal que precisa da abelha para fazer sua perpetuação. Abelha é muito mais que mel, é acima de tudo, meio ambiente e serviço de polinização gratuito. Ela é responsável pela produção de maçã, soja, melão, morango, melancia, entre outros”.

Com relação à produção de mel, Medeiros observou que a FAASC com apoio da Epagri, do Senar/SC, Sebrae/SC e Fundação do Banco do Brasil fez um levantamento da apicultura catarinense em 2015 e 2016. Os dados apontaram que o Estado tem 9 mil apicultores (com mais de 6 colmeias) e 323 mil colmeias que em anos normais produzem 6.500 toneladas de mel. “Todos os dias há um evento de apicultura em Santa Catarina. A soma das ações contabiliza mais de 400 iniciativas em grupo por ano, o que justifica a evolução do segmento. No entanto, ainda existem alguns entraves para superar, como por exemplo, a questão do agrotóxico, a entrada do mel da Argentina, o mel falsificado e a complexa legislação”.

O coordenador de apicultura da Epagri, vice-presidente da Confederação Brasileira de Apicultura e vice da FAASC, Ivanir Cella, complementou que os desafios para superar a questão da mortalidade das abelhas e baixa produtividade das colmeias trouxeram a necessidade de aperfeiçoamento. “Esse tipo de encontro aliado ao trabalho das instituições comprometidas com o setor e com a sociedade proporcionaram um choque de tecnologia aos produtores, o que contribuiu para melhorar a produtividade e a qualidade, aumentando a competitividade do segmento”.

Segundo ele, a crise dos polinizadores e a questão do desaparecimento das abelhas ensinou que era necessário mudar. “Isso contribuiu não só para diminuir a questão da mortalidade e para aumentar o uso da tecnologia na atividade, o que proporcionou aumento de produção de cerca de 12 kg para mais de 20 kg de colmeia/ano no Estado, mas também para melhoria da qualidade do mel, tanto que SC conquistou pelo 4º ano consecutivo o prêmio entre os melhores méis do mundo. A região Oeste é referência no cenário catarinense e o Estado é destaque no cenário nacional. SC teve desenvolvimento interessante, mas o Oeste vem obtendo crescimento acelerado. Em poucos anos será referência para outras regiões do Estado”.

O engenheiro agrônomo da Epagri e responsável pelo setor apícola na região da Associação dos Municípios do Alto Irani (AMAI), Denis da Silva, assinalou que o segmento conta com alguns municípios altamente desenvolvidos que é o caso de Xaxim, porém, outros com a apicultura ultrapassada. “Um evento como esse mostra que existe uma cadeia produtiva formada e que investir em tecnologia e melhorar a produção garante um retorno econômico. Nosso principal desafio é elevar a produtividade para despertar interesse econômico. Para quem já é altamente produtivo e eficiente, os maiores desafios incluem a legalização fiscal e sanitária e para quem tem pouca produtividade e menos tecnologia de campo, o foco é manejo e técnicas de produção”.

O palestrante Robson Raad, da Epagri, abordou o tema “Alimentação suplementar de abelhas: quando, como e por quê” e apresentou aos apicultores da região os resultados das ações desenvolvidas no Rio Grande do Norte, Mato Grosso e Minas Gerais, entre outros Estados. O objetivo é a tecnificação da apicultura, ou seja, olhar para o segmento como atividade profissional, preparar os enxames, alimentar e discutir a melhor maneira de produção. “Provocamos uma revolução nos grupos que querem aprender e os resultados apontam melhoria de produtividade expressiva. Temos um panorama no País de uma apicultura muito extrativista. O bioma é farto para a apicultura, mas nós perdemos, pois exploramos apenas de 5 a 10% dele”.

A programação também contemplou palestra sobre a “Situação atual da apicultura no contexto nacional”, com Vimar Franzen e Ivanir Cella, da Epagri e oficinas sobre meliponicultura, troca de cera e produtos para apicultura com Gustavo Krahl e Rodrigo Vilani (empresas Sulmel, Agroapis e Prodapys).

O encontro integrou a programação da Jornada Técnica de Apicultura que ocorre em diversas cidades de Santa Catarina até 20 de agosto, por meio de parceria entre Sebrae/SC, Epagri e FAASC. O objetivo é capacitar cerca de 1.200 produtores e lideranças da apicultura catarinense.

Fonte: MB Comunicação