Estiagem: mais uma lição pra aprender

Publicado em: 10/02/2020

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro

Os problemas de estiagem em SC têm sido recorrentes, e vez por outra eles ocorrem, com maior ou menor intensidade; mais tempo ou menos tempo de duração, mas não são novidades em nosso Estado. Se for verdade o que se divulga com o aquecimento global, só tende a piorar. Também não é novidade, que sempre que ela ocorre, nos lembramos de providências preventivas, que poderiam ser minimizados os problemas, se não nos esquecêssemos de mudar nosso comportamento logo que passa a estiagem.

Na semana passada o secretário da Agricultura Ricardo de Gouvêa reuniu os técnicos da Epagri, Ciram e Cepa para na presença das entidades do setor agropecuário, relatarem as consequências da recente estiagem. O Governo do Estado está equipado com excelentes instrumentos de monitoramento do clima, não apenas na falta de chuva para as lavouras, como também, dos níveis das águas dos rios e fontes naturais e, da mesma forma, da oferta de água para o abastecimento dos aviários e granjas suínas e até mesmo do consumo humano.

Mais uma vez foi identificado que muitos dos problemas por falta de água na área pecuária que vem ocorrendo poderiam ter sidos evitados, se os nossos produtores rurais tivessem se preocupado em construir cisternas ou represas que guardassem as águas quando elas são abundantes. É reconhecido tecnicamente que existem épocas do ano que as chuvas estão disponíveis, mas que poucos se preocupam em recolher e guardar a água.

O Governo do Estado já mantém um programa de subsídios para financiar investimentos em cisternas, mas a procura tem sido reduzida, pois muita gente só se lembra das vantagens das cisternas, quando falta chuva.

De outra parte também foi mencionado na reunião com o secretário que ainda existe burocracia exagerada nos órgãos de controle na liberação de licenças para captação de águas nos rios, principalmente para abastecimento das agroindústrias. O excesso de zelo com os mananciais dos rios ou até mesmo pela intransigência de alguns técnicos do governo, está dificultando a liberação dessas licenças, tendo inclusive sido ameaçado pelas empresas de sair do Estado por falta de água.

Outra observação surgida na reunião e que merece atenção especialmente dos técnicos que atuam no meio rural, é que do tipo de semente plantada nas lavouras de milho. A variedade da semente tem influência direta na resistência de eventuais secas no desenvolvimento das culturas. Já é sabido que no caso do milho, dependendo da variedade da semente, o risco é menor com perdas em caso de estiagem. O Governo do Estado pensa em direcionar nas sementes do Troca-Troca, aquelas que são mais resistentes à falta ou escassez de chuvas, e para tal caberá aos técnicos da Epagri e das cooperativas recomendarem as mais apropriadas.

Tudo isso poderá reduzir os efeitos de eventuais estiagens que tem assolado nosso Estado. Dessa forma, cabe-nos estimular aos produtores a saírem do comodismo, da mesmice e planejar melhor suas atividades no campo e se utilizar dos instrumentos disponíveis para minimizar esse tipo de problema. Alguém já disse que é nas crises que se encontram as soluções. Na atividade agropecuária, também. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro