Erradicação da raiva exige vigilância e controle

Publicado em: 17/10/2019

A raiva é uma doença letal, está controlada em território barriga-verde mas, pontual e episodicamente, surgem alguns casos que invocam a necessidade de vigilância e controle. A observação é do presidente do Instituto Catarinense de Sanidade Agropecuária (ICASA), Osvaldo Miotto Junior.

Os últimos casos da doença em território barriga-verde foram registrados em maio deste ano em 11 municípios catarinenses: Garopaba, Gravatal, Braço do Norte, Urussanga, Imaruí, Campos Novos, Rio Fortuna, Pedras Grandes, Biguaçú, Tijucas e Gaspar. Também em maio, Santa Catarina teve o primeiro caso confirmado de morte por raiva humana desde 1981. A vítima era uma mulher de 58 anos moradora da área rural de Gravatal, no Sul do Estado. Foi a primeira vítima nos últimos 38 anos.

A raiva é uma doença transmitida de animais para o homem, causada por um vírus. Os seres humanos são infectados pela raiva ao entrarem em contato com a saliva de animais infectados. Essa transmissão ocorre, principalmente, por causa das mordidas dos animais, mas podem acontecer em caso de arranhões ou até lambidas. É causada pelo vírus Lyssavirus, da família Rhabdoviridae. Quase 100% dos pacientes contaminados vão a óbito. O vírus causador da doença acomete o sistema nervoso central do infectado, ocasionando uma encefalite (inflamação no cérebro que causa inchaço) que evolui com rapidez.

Quando ocorre a mordedura é imprescindível a limpeza do ferimento com água corrente e sabão. A pessoa infectada pela raiva precisa procurar atendimento médico para tomar a vacina e soro logo após o incidente. A vacina não tem contraindicação. Além do cão, também podem transmitir a raiva outros mamíferos como gato, vaca, cavalo, coelho, morcego.

A transmissão ocorre pela saliva de animais infectados, principalmente por mordidas dos animais. O período de incubação do vírus varia entre as espécies. Esse período está relacionado à localização, extensão e profundidade da ferida ou tipo de contato. Em cães e gatos, a eliminação de vírus pela saliva ocorre de dois a cinco dias antes do aparecimento de sinais clínicos. A morte do animal acontece entre cinco e sete dias após a apresentação dos sintomas.

Em alguns locais a doença pode evoluir de uma forma mais grave e mais rapidamente. São as regiões mais próximas do sistema nervoso central (ombro, pescoço, rosto) e uma mordedura nas extremidades, porque são enervadas.

Os sintomas da raiva podem não aparecer imediatamente. O mais comum é demorar entre um a três meses, mas não é uma regra. Quando o vírus penetra, ele vai se deslocando pelo sistema nervoso periférico até o sistema nervoso central. Por razões ainda desconhecidas, essa replicação ao longo do sistema nervoso periférico é bem lenta. É isso que justifica um período de incubação tão extenso.

Os sintomas são alterações de comportamento, confusão mental, desorientação, agressividade, alucinações, espasmos ao sentir água ou vento (hidrofobia), mal-estar geral, aumento de temperatura corporal, náuseas e dor de garganta. O período de evolução do quadro clínico é, em geral, de dois a sete dias. Os sintomas da raiva podem ser confundidos com outras doenças numa primeira avaliação. Entretanto, a confirmação laboratorial pode ser feita pelo método de imunofluorescência direta, em impressão de córnea, raspado de mucosa lingual ou por biópsia de pele da região cervical.

A prevenção é essencial. A principal forma é a vacina antirrábica. Outras formas são a vacinação dos animais de estimação, evitar contato com animais que não se conhece, jamais tocar em animais silvestres e prevenir que morcegos entrem nas casas.

O coordenador Técnico do ICASA, Silvanno Ferreto, esclarece que os médicos veterinários do Icasa auxiliam no programa de erradicação e controle da raiva em apoio a CIDASC. Esse apoio ocorre por meio de ações como educação sanitária, distribuição de folders de orientação, explicando os sinais clínicos e a prevenção. Também promovem palestras nas comunidades, realçando a importância da vacinação do rebanho.

O ICASA recomenda que, em razão de ocupação profissional, devem tomar a vacina antirrábica os médicos veterinários, biólogos, profissionais de laboratório de virologia, estudantes de Medicina Veterinária, zootecnia, biologia, agronomia, agrotécnica, pessoas que atuam na captura e estudo de animais com suspeita de raiva, pessoas que trabalham com animais silvestres (inclusive funcionários de zoológicos) e aquelas que vão viajar para lugares de risco.

Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional