Em time que está ganhando não se mexe!

Publicado em: 17/09/2018

Por Ivan Ramos – diretor executivo da Fecoagro

Esse ditado popular é antigo, mas sempre atual: “Em time que está ganhando não se mexe”. Isso vale em qualquer atividade, gerencial, administrativa, política ou mesmo jurídica. Já existem muitos exemplos que quando se mexeu em algo só porque é mais fácil ou para se ter o DNA de alguém, nem sempre foi positivo. Isso não quer dizer que não tenhamos que corrigir eventuais falhas no time e nos atualizarmos nos procedimentos, especialmente em função do avanço das tecnologias.

Essa introdução é para justificar a posição do cooperativismo brasileiro em relação ao Sistema S, ou seja, no caso especifico os recursos do Sescoop que abrange as cooperativas. Mas deve servir também para outros S existentes no País, como é o caso do Senar. Há que se esclarecer também que não se trata de recursos públicos e sim, apenas arrecadados pela União. São valores recolhidos sobre as folhas de pagamento dos funcionários das cooperativas, portanto, privados. A Previdência Social apenas arrecada e cobra três por cento do valor para fazer isso.

O Governo Federal e alguns parlamentares querem alterar o destino dos recursos arrecadados pelo Sescoop, e outros S, para outras finalidades.  Por mais merecidas que possam ser não há como admitir que se vista um santo e desvista outro. Especialmente no setor cooperativista os avanços que o setor teve a partir da implantação do Sescoop são palpáveis e inquestionáveis. A capacitação dos funcionários, dirigentes e mesmo associados das cooperativas estimulou o desenvolvimento, profissionalizando seus dirigentes e funcionários e passaram a ser exemplo empresarial e social em todo o Brasil. Antes, sem recursos para treinamentos, e sem uma diretriz central de conduta gerencial, as cooperativas, mesmo sob a tutela governamental, pecavam nas gestões por falta de capacitação e de controles. Hoje com os programas de treinamentos e promoção social a realidade é bem outra.

O Governo Federal agora está querendo destinar parte dos recursos arrecadados pelo Sistema S para a segurança pública e para a cultura. Como já referido, são setores que precisam de atenção especial e de mais recursos em nosso País, mas a opção de definição orçamentária deve ser retirada de outros setores que são deficientes na gestação, com desperdícios de verbas mal aplicadas ou mal administradas.

Os próprios candidatos à Presidência da República estão mostrando os erros atuais, os excessos de gastos, o empreguismo, e os privilégios de alguns setores, isso sem falar dos desvios e da corrupção, que estão corroendo as contas públicas do País. Se tiver que retirar recurso de algum setor, que seja dos setores de gestão ineficiente e não naquilo que está dando certo.

Como disse o presidente da Ocepar José Roberto Ricken: “Se querem retirar recursos da formação profissional, terão que colocar na segurança pública, mas certamente terão que construir mais penitenciárias para aqueles que deixarão de serem preparados para o mercado do trabalho, atividades desenvolvidas hoje pelo Sistema S”.

A retirada de recursos do Sistema S vai afetar o Sescoop; o Senar e outros sistemas, e comprometer os programas hoje existentes e que estão dando certo. Em time que está ganhando não se mexe. Cabe à população ficar atenta e cobrar dos deputados e senadores que agora se apresentam como defensores do Sistema, para que evite essa mudança, afinal a alteração da lei terá que passar pela Câmara dos Deputados e no Senado, e assim será possível identificar os parlamentares que estarão do lado do nosso setor. Avalie e pense nisso.