Diálogo e informação em primeiro lugar

Publicado em: 02/08/2021

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro/SC

A história da humanidade mostra que a educação de um povo é o ponto de partida para o desenvolvimento de qualquer sociedade. Mas mesmo com essa realidade, ainda temos pessoas com visão diferente, por ignorância ou por propósitos outros, que não enxergam essa verdade. Dentro da educação existem instrumentos vários, e que precisam ser considerados em qualquer tomada de decisão, de gestão pública ou privada. Diálogo e informação. Essa introdução filosófica é para adentrarmos em um fato concreto, que até criou algumas desavenças por falta dos dois ingredientes: diálogo e informação.

O episódio do atraso dos navios para desembarque de matérias-primas para a produção de fertilizantes em São Francisco do Sul preocupa a todo um complexo agropecuário, com repercussão importante em diversos setores da sociedade, provocando riscos não apenas para quem planta, mas para quem consome alimentos, no país e no exterior. A agricultura tem calendário próprio e que precisa ser respeitado, sob pena de perder a produção.

O fertilizante é o primeiro passo para a produção de alimentos. Sem adubo não se colhe milho nem soja, por exemplo. Sem esses dois grãos, não existe ração. Sem ração, não tem frango, nem suínos e nem leite. Sem esses, não existe alimentos, como carnes e lácteos, nem supermercado, nem liderança nas exportações brasileiras e catarinenses. Sem falar no café, na cerveja, no vinho, no pão e outros alimentos e bebidas que têm origem do campo. Esta é razão da necessidade de se dar prioridade aos insumos agropecuários. Tudo começa por eles. Qualquer outra atividade passa por esse setor e que todos deveriam saber, ou pelo menos dialogar.

Ao ser criadas normas precisa ser considerado algumas prioridades. Regras devem existir, mas elas devem ser ajustadas ou adaptadas à realidade presente. Todos os setores econômicos devem ter seus espaços no mercado, mas alguns precisam ter prioridades, e compreendido pelo conjunto, superando pretensões financeiras isoladas. Como disse Ricardo Miotto, secretário adjunto de Agricultura em SC, em determinado momento, se existe um congestionamento na estrada, a ambulância tem que ter preferência para salvar vidas. Isso vale também em outras situações que dependem de decisão em qualquer circunstância, por exemplo, a produção de alimentos. É o mínimo que um legislador ou gestor público deve conhecer e praticar.

O problema constatado no Porto de São Francisco do Sul, que tem ocasionado tantas preocupações ao setor agro, deve servir de lição para que haja mais diálogo e informação sobre a necessidade desse setor. O risco de os fertilizantes não chegarem ao campo na hora oportuna, e dar prioridade a outros produtos, sem reconhecer a importância e a necessidade dos insumos agrícolas, preferimos entender que seja mais desinformação, do que outra intenção.

A decisão do governo do Estado, através dos secretários Altair Silva e Eron Giordani, da Agricultura e da Casa Civil, de intervir e de chamar as partes envolvidas para discutir, foi acertada, e o diálogo e a troca de informações devem contribuir para evitar problemas semelhantes nos próximos passos. A Autoridade Portuária precisa estar sintonizada com a realidade dos mercados, e reconhecer a importância de cada setor, sob pena de uma sociedade inteira pagar pelas falhas de gestão. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro/SC.