Cooperativismo: uma força transformadora

Publicado em: 15/09/2020

O cooperativismo é um modelo de negócio conhecido por atuar em várias frentes, amparado pela união de esforços de todos os envolvidos no sistema. Frente a isso, tem como características marcantes o pensamento e a atuação em conjunto e a gestão responsável, com base nos princípios da sustentabilidade e nos pilares do cooperativismo, o que garante a solidez e vitalidade do negócio.

Em 2020, a pandemia de covid-19 tem feito com que todos os setores da economia enfrentem desafios jamais previstos. No ramo cooperativista não é diferente. A revisão de planos abrange a classe de cooperados e gestores que trabalham para minimizar os impactos causados pelo vírus. Seja na saúde, no agronegócio, no crédito, o sistema cooperativista aprimorou e adaptou sua gestão e setores operacionais para se enquadrar à nova realidade e não sofrer consequências drásticas.

De acordo com a análise feita pelo presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC) e presidente do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de Santa Catarina (SESCOOP/SC), Luiz Vicente Suzin, as principais mudanças e transformações ocorrem na forma de organização do trabalho, nas estruturas de produção econômica e no próprio tecido social em todos os países. Portanto, segundo ele, é inevitável que tais impactos atinjam as cooperativas brasileiras, que contribuem, diretamente, para dinamizar a economia e elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das comunidades.

“Todos os ramos do cooperativismo estão inovando não apenas para sobreviver à crise da pandemia, mas para continuar oferecendo soluções e serviços de qualidade aos 2,7 milhões de catarinenses associados às 254 cooperativas. As reações impostas pela pandemia ocorrem, especialmente, nas cooperativas dos ramos agropecuário, crédito, consumo, infraestrutura, saúde e transporte, que detêm o maior número de associados”, relata Suzin.

Entre as inovações mencionadas, está a criação de plataformas para conectar os negócios locais com a compra de produtos e serviços de comunidades próximas com o objetivo de contribuir na permanência dos negócios locais e, assim, na manutenção dos empregos gerados por esses empreendimentos. As cooperativas seguem trabalhando para aproximar os cooperados e a comunidade, oportunizando produtos e serviços para agentes econômicos e consumidores finais.

Com relação às cooperativas de saúde, Suzin destaca as novas estruturações, como os ambulatórios para diagnóstico e tratamento dos casos de covid-19, UTI’s especializadas, serviço móvel de urgência e emergência e reorganização dos atendimentos, com canais de atendimento específicos e desenvolvimento de planos de ação emergencial para atendimentos remotos e domiciliares.

No ramo da agroindústria, a preocupação das cooperativas é com a garantia da segurança de todas as pessoas envolvidas, com o aumento do zelo dos já rigorosos protocolos de procedimentos; orientação, educação e treinamento para uma conduta de segurança permanente, aliada à distribuição de novas demandas de Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

É o caso, por exemplo, da Cooperativa Central Aurora Alimentos, que comanda uma cadeia produtiva que envolve 66 mil famílias rurais e mais de 32 mil trabalhadores diretos em suas unidades industriais, comerciais, de apoio e de ativos biológicos. A zona agrícola recebeu atenção especial, pois é onde se localiza a base produtiva de toda a proteína animal que a Aurora processa, conforme afirma o presidente da cooperativa, Mario Lanznaster. “Além de orientação às famílias rurais cooperadas, foram restringidas as visitas aos estabelecimentos rurais de produtores integrados. Assim, a base produtiva no campo, com o apoio das 11 cooperativas agropecuárias filiadas, está operando normalmente para geração das matérias-primas essenciais, como aves, suínos, leite e grãos”, esclarece Lanznaster.

Por outro lado, segundo o presidente, todas as reuniões, cursos e treinamentos presenciais foram suspensos. A assistência técnica aos produtores rurais foi mantida, não apenas para dar suporte à produção, mas, especialmente, para elevar orientações sobre medidas e condutas de proteção da família rural em relação à covid-19. “Dessa forma, com a segurança de todas as etapas da produção garantida, do campo à mesa do consumidor, a Aurora Alimentos consolida a essencialidade da produção de alimentos e a importância das pequenas e médias propriedades nas cadeias produtivas das proteínas animal e vegetal”, finaliza.

O ramo de cooperativas agropecuárias também precisou se adaptar, uma vez que exercem atividades de primeira necessidade. Ou seja, em se tratando de agricultura, o agricultor não pode parar de plantar para que a colheita possa ser feita e assim por diante. O impacto econômico do coronavírus possui força, pois, atinge todas as camadas sociais e todos os ramos de atividade de negócio. Mas, na visão do presidente da Cooperalfa, Romeo Bet, o fato de serem uma cooperativa contribui para a adaptação ao novo momento da economia.

“O início foi difícil, tivemos que adequar o comportamento das pessoas. Mas, graças às precauções tomadas, orientadas pelo ramo da saúde, tivemos pouca incidência de pessoas contaminadas pelo coronavírus dentro da nossa cooperativa, bem como na base social. O que permite que os produtores possam continuar se preparando para a próxima safra, comprando seus insumos e preparando o solo. Seguindo o nosso modelo de negócio, procuramos não interromper nenhuma atividade”, destaca Bet.

Aos cooperados, que segundo o presidente, são os produtores da matéria-prima para alimentar o mundo, o recado é que, mesmo na dificuldade, não deixem de inovar e usar a tecnologia para que a próxima safra tenha bons resultados e para que os preços sejam compatíveis com a necessidade de todos, além de fazer os investimentos de forma segura e manter os cuidados de higiene.

Assim como para todas as empresas, no cooperativismo, é chegada a hora de olhar para o futuro e aceitar a fase de transformação, a fim de se adaptar e sofrer minimamente os impactos e as consequências da pandemia, que é o fato mais importante dos últimos 100 anos.

Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional / Texto: Andressa Oliveira Recchia/Unimed Chapecó