Cooperativas são importantes para mulheres do campo, mas poucas têm poder de decisão

Publicado em: 30/04/2019

A experiência de mulheres trabalhadoras do campo mostra que é por meio do cooperativismo ou por associativismo que elas conseguem acessar recursos para produzir, serviços, oportunidades de emprego e de representação em conselhos com voz para decidir.

O potencial existente em cooperativas para a autonomia das mulheres rurais é destacado pela Comissão da ONU sobre a Situação da Mulher e pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI). “A riqueza gerada pelas cooperativas permanece na comunidade, criando postos de trabalho e atividades sustentáveis. As cooperativas são baseadas em valores que representam um modelo adequado para as mulheres construírem seu próprio futuro”, declarou Rodrigo Gouveia, diretor de Políticas da ACI.

No entanto, o papel das mulheres rurais na proteção e gerenciamento de recursos naturais, no desenvolvimento econômico da comunidade local e na participação mais efetiva nas cooperativas esbarra na dificuldade de conciliar as diferentes atividades que estão culturalmente sob responsabilidade feminina.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em todas as faixas etárias, de 14 a 60 anos, as mulheres de todas as regiões do País do campo e da cidade se dedicam mais diariamente aos afazeres domésticos do que os homens. Em média, as brasileiras trabalham mais de 11 horas em atividades relacionadas aos cuidados de outras pessoas ou da casa, enquanto que os homens dedicam menos da metade desse tempo (5,1 horas).

A sobrecarga de trabalho é um dos problemas citados pelas mulheres rurais como empecilho para participar de forma mais efetiva do trabalho das cooperativas, principalmente em cargos de liderança. O resultado foi encontrado em levantamento feito durante o 1º Encontro de Mulheres Rurais do Mercosul, realizado no final do ano passado no Paraná para debater o tema do cooperativismo e a questão de gênero.

O encontro reuniu em Medianeira (PR) mais de mil mulheres, das quais 173 foram entrevistadas por pesquisadores da Universidade da Integração Latino Americana (Unila), com apoio da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar no Mercosul (Reaf) e da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes).

Fonte: Coordenação-geral de Comunicação Social do Mapa