Cooperativas ocupam espaço deixado por bancos

Publicado em: 02/05/2019

O número de agências bancárias no Brasil teve queda de 10% nos últimos cinco anos: saiu de 23.126 em 2014 para 20.850, segundo o Banco Central. Entre as cinco maiores redes, quatro delas tiveram queda em seu atendimento físico. Por outro lado, as cooperativas de crédito saltaram de 4.277 pontos de atendimento para 5.391 no mesmo período, um crescimento de 26%.

As instituições financeiras cooperativas oferecem os mesmos serviços financeiros de um banco tradicional. O diferencial está no fato de que os associados são donos do negócio e participam ativamente da gestão, por meio das assembleias. Por serem associados, os correntistas recebem de volta parte do resultado positivo da instituição, o que se convenciona chamar de sobras e que retornam ao cooperado de acordo com a sua movimentação financeira.

Historicamente, as cooperativas de crédito tiveram a sua origem em cidades do interior – não à toa, em muitas cidades pequenas, tratam-se das únicas instituições financeiras. O Sicredi, por exemplo, é a única rede em 202 cidades de todo o Brasil, e o mesmo ocorre com o Sicoob, em 258 municípios. No entanto, parte dessa expansão do cooperativismo de crédito está calcada em capitais, em regiões metropolitanas e em cidades de médio porte.

“Não é uma estratégia de ocupar lugares nos quais tenha existido agência bancária. O mais relevante é formar uma rede física, que é necessária, apesar dos outros canais de relacionamento. Em torno dessa agência, os nossos pilares vão se fortalecendo”, afirma o presidente nacional do Sistema Sicredi, Manfred Dasenbrock. Entre esses pilares, ele cita a preocupação com o atendimento, com a transparência (com duas prestações de contas anuais) e a participação ativa dos associados na gestão da cooperativa.

“No interior, o cooperativismo é feito de amigo para amigo, em uma relação mais familiar. Nas maiores cidades, nós acabamos nem sequer conhecendo o vizinho que mora no mesmo prédio. É uma relação de confiança diferente, mais difícil de construir. Ela se dá pela proposta e pela forma de atuar”, analisa Francisco Reposse Junior, diretor de Desenvolvimento e Supervisão do Sicoob Confederação, destacando a relevância das agências físicas como uma espécie de garantia para obter novos associados nos centros urbanos.

Em 2018, o Sicoob inaugurou 211 novas agências em todo o país. Neste ano, já foram 75. “Há muita estrutura para ser inaugurada. É uma tendência de abrirmos até um certo limite, porque precisamos ocupar um espaço físico e sermos notados”, explica Reposse Junior. Ao todo, a rede do Sicoob somava, ao fim de 2018, 2.910 pontos de atendimento – um aumento de 28% em cinco anos.

O Sicredi conta com 1.684 agências em todo o país, com uma média de crescimento de 10% ao ano dos espaços físicos nos últimos cinco anos e uma projeção de inaugurar 200 novas unidades em 2019.

Atualmente, o cooperativismo de crédito no país soma mais de 10,5 milhões de pessoas – aproximadamente 5% do total da população do país. O crescimento do total de associados nos últimos cinco anos foi de 39% — eram 7,5 milhões em 2014.

Para Reposse Junior, do Sicoob, o fortalecimento das cooperativas de crédito se deu a partir do interior em razão da proximidade com as cooperativas agrícolas, que estavam, em sua maioria, em cidades com população até 300 mil pessoas. “A partir disso, as cooperativas de crédito começaram a se estruturar com mais serviços para ir além das cidades com mais de 300 mil habitantes”, diz.

O número de agências físicas de bancos caiu quase 10% nos últimos cinco anos. Confira as 5 maiores redes e o total de agências do país entre 2014 e 2018.

Total de cooperados no país saltou 39% no Brasil nos últimos cinco anos, expansão maior do que a da rede física.

Fonte: Gazeta do Povo com adaptação da Fecoagro