Comissão de Agricultura da Câmara debate soluções para concorrência do alho chinês

Publicado em: 02/05/2019

Em audiência pública conjunta entre as comissões de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural; e de Finanças e Tributação, da Câmara dos Deputados, foi tratado  da importação de alho originário da China. O debate contou com a participação de produtores de todo o Brasil,  além de deputados e de membros das entidades ligadas ao agro e do setor, como o presidente da Associação Nacional dos Produtores de Alho (Anapa), Rafael Jorge Corsino.

De acordo com o deputado federal José Mario Schreiner (GO) , que presidiu a audiência publica, apesar de o Brasil ter condições para aumentar a produção e oferta de alho nacional no mercado consumidor, os produtores enfrentam uma concorrência desleal e predatória dos alhos importados ilegalmente ou com liminares da Justiça, o que impede o aumento da produção no Brasil. “Antes da entrada do alho chinês no Brasil, mais de 80% do abastecimento era com alho nacional”, disse.

Na ocasião, foi  sugerida a criação de uma proposta de fiscalização e controle nas comissões de Agricultura; e de Finanças e Tributação para acompanhar de perto as reivindicações do setor, além de solicitar para a Procuradoria Geral da República uma investigação das liminares expedidas pelo judiciário que liberam a importação do alho de outros países.

Segundo o deputado federal Celso Maldaner (SC), autor do requerimento na Comissão, uma das pautas mais importantes e que ele faz questão de defender na Casa, são as ações do agronegócio brasileiro, pois o produtor rural é o que mais preserva o meio ambiente, gera riqueza e emprego mas infelizmente é o que mais paga a conta, com as dificuldades diárias que enfrenta. “Precisamos olhar para os gargalos das cidades e deixar o produtor rural trabalhar, já que 90% da população brasileira é urbana. Precisamos fazer valer as tarifas antidumping e os impostos de importação já que são instrumentos da política fiscal que ajudam a evitar a entrada descontrolada de produtos de outros países”, destacou Maldaner.

Para o presidente da Anapa, Rafael Jorge Corsino, há mais de uma centena de liminares na Justiça Federal contra a tarifa antidumping, mas atualmente três estão permitindo a importação do alho sem o pagamento da taxa. Com isso, informou Corsino, a caixa de 10kg produto, procedente principalmente da China e da Argentina, entra no Brasil a R$ 50. “Para produzir os mesmos 10 quilos, o agricultor brasileiro gasta R$ 78. Então, há uma diferença de R$ 28 entre o alho nacional e o importado”, falou.

O setor tem hoje cerca de 5 mil agricultores, dos quais 4,5 mil são pequenos produtores do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Bahia e Piauí. O restante está em Minas Gerais, Goiás e no Distrito Federal.

No ano passado, o Brasil produziu 13,5 milhões de caixas 10kg de alho, em uma área de 11,5 mil hectares, e importou 16,5 milhões de caixas de 10kg.

Fonte: FPA