Chuva ameniza estiagem em Santa Catarina. Milho, alho e cebola são as culturas mais atingidas

Publicado em: 15/12/2020

Santa Catarina enfrentou entre junho de 2019 e novembro de 2020 um longo período com chuvas abaixo da média, caracterizando a pior estiagem que atingiu o Estado desde 1957. O Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) apresentou, em reunião on-line nesta segunda-feira, 14, as perdas da agricultura catarinense. O estudo aponta que o milho silagem é a cultura mais atingida, seguida do alho, milho grão e cebola. A boa notícia é que a chuva volta ao Estado nos próximos dias e deve ficar acima da média em janeiro e fevereiro.

O secretário da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural, Ricardo de Gouvêa, destacou que o objetivo da reunião foi manter os setores ligados à agricultura familiar catarinense bem informados sobre o quadro da estiagem. Ele comemorou a recuperação de algumas cadeias produtivas com o retorno das chuvas. O diretor de pesquisa da Epagri, Vagner Miranda Portes, lembrou que esta reunião faz parte de uma série de encontros promovidos desde 2019, com o objetivo de antecipar informações de hidrologia, meteorologia e safra, de modo a facilitar a tomada de decisão das pessoas ligadas ao setor agropecuário.

A região Oeste é a mais atingida, dentro da perda total estimada em -29% para milho silagem no Estado. O estudo aponta que no Oeste as perdas foram altamente significativas, resultando numa silagem de péssima qualidade. A preocupação dos pecuaristas se entende para o ano que vem, pois muitos ficarão sem reservas para alimentar os bovinos. Há relatos de vendas de vacas em função da elevação dos custos de produção e da falta de forrageiras

O milho grão primeira safra acumula -19% de perdas, com expectativa de produção de 2.341.928 toneladas. A região Oeste foi a mais afetada. Lá, o plantio ocorre no início de setembro, mês em que choveu apenas 20% do normal. No Extremo Oeste as quebras também foram grandes, com muitas lavouras apresentando perda total. Muitas lavouras que foram implantadas com o objetivo de colher grão irão passar para o corte da massa ou forrageira para alimentação de rebanhos bovinos. Nas regiões do Planalto Norte e Campos de Lages e em Curitibanos, houve perdas intermediárias, mas significativas, além de atraso e replantio.

A Epagri/Cepa estima uma perda de -3% na soja catarinense, com expectativa de produção de 2.346.572 toneladas. As lavouras com menores altitudes, mais próximas do Vale do Rio Uruguai, estão em piores condições.

A situação de abastecimento de água para pecuária estava praticamente normalizada em todo Estado nas duas primeiras semanas de dezembro, com a necessidade de abastecimento suplementar atingindo de forma pontual e isolada algumas propriedades do Oeste e Extremo Oeste. Com isso, os alojamentos de animais nas propriedades foram normalizados.

As pastagens também apresentaram melhoria significativa nos Planaltos Norte e Sul e no Litoral. Na mesorregião Oeste, as pastagens ainda vão demorar um pouco para se recuperar e alcançar a condição de consumo para os animais. Por mais que os produtores estejam replantando milho silagem, essa produção não vai atender à demanda. Neste cenário, a necessidade de complementação da alimentação deve manter elevados os custos de produção de carne bovina e de leite em 2021.

Previsão do tempo

A previsão da Epagri/Ciram é de que a chuva retorne ao Estado nesta semana, mas de forma irregular e mal distribuída geograficamente. Nos meses de janeiro e fevereiro os indicativos são de índices acima da média, sobretudo no litoral. Desde novembro vem chovendo em Santa Catarina, o que tem ajudado a amenizar a situação de estiagem.

Nesta segunda-feira, 14, apenas seis, das 40 estações hidrológicas de monitoramento de nível de rios da Epagri/Ciram no Estado apresentavam situação de estiagem (três em emergência, duas em alerta e uma em atenção). Isto significa que, aos poucos, os níveis dos rios catarinenses vão voltando ao normal, com boas expectativas para os próximos dias. Até 14 de dezembro ainda não havia sido recuperado o déficit hídrico causado pela estiagem. As regiões mais atingidas ainda tiveram chuva suficiente para a recarga dos aquíferos.

Fonte: Epagri