Bons ventos para o agronegócio

Publicado em: 11/11/2019

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro

Estamos vivendo bons momentos no agronegócio catarinense e brasileiro. Da mesma forma que periodicamente temos que ressaltar as fases negativas do setor agropecuário, quando a situação é inversa, também há que se reconhecer. Muitas vezes nosso agricultor sofre na sua atividade por diversos motivos, desde o comportamento do tempo; os preços dos produtos; e até medidas governamentais impróprias.

Nesse momento parece que a situação é favorável também pelos mesmos motivos. O tempo está correndo bem, as expectativas de colheitas, apesar da recente estiagem, são positivas e os preços com raras exceções estão agradando o produtor rural. Ouvi de um agricultor que disse que para quem plantou com tecnologia e de modo profissional, não pode reclamar dos preços atuais. A produtividade paga a conta com folga.

No lado das agroindústrias também a expectativa é de resultado positivo e tem tudo para ser um bom ano para o agronegócio. Novos mercados se abriram e as exportações de proteínas estão indo de vento em popa. Evidentemente que as preocupações continuam.

No caso de SC, o que está causando certa apreensão é o controle sanitário em nosso Estado. Não porque nós não estejamos preparados e dentro do planejamento duradouro que já temos. A preocupação está em relação à decisão tomada em outros estados. SC como área livre da febre aftosa sem vacinação há muitos anos, sempre fez seu dever de casa, controlando as entradas de animais de outros estados, para garantir a sanidade que conquistamos.

Agora o governo federal autorizou o Estado do Paraná não vacinar. Não se trata de preocupação com o estado vizinho, mas sim pela abertura das fronteiras que ocorrerão a partir dessa decisão. O Paraná tem limites geográficos com Paraguai e o Mato Grosso do Sul que por sua vez tem com outros países da América, que todos nós sabemos não mantém a eficiência de controle sanitário como em nosso Estado.

Dai a preocupação com o trânsito de animais procedentes de outras regiões e que possam comprometer nosso status de livre de febre aftosa sem vacinação, posição que nos privilegia nas exportações de carnes para outros países exigentes.

O governo de SC está tomando medidas internas de proteção para controlar essa situação. Além das barreiras nas divisas que devem continuar, será implementada uma campanha de conscientização de todos, não apenas os eventuais produtores rurais que queiram trafegar com animais pelo nosso Estado, mas também a população de modo geral, sobre outro risco: a entrada de peste suína que está afetando diversos países do mundo e já em alguns estados do Brasil.

Precisa ser conscientizado dos riscos de uma eventual entrada de doenças no rebanho catarinense e as consequências econômicas para todos os setores, haja vista que o nosso agro tem influências em outras atividades econômicas, públicas e privadas.

Portanto, o trabalho que a secretaria da Agricultura pretende implementar a partir dessa nova realidade sanitária, deve ter o engajamento de todos, no interior e nos meios urbanos para proteger nosso rebanho e a economia do nosso Estado. Quem pensar que não tem nada a ver com isso está muito enganado.  Pense nisso.

Fonte: Fecoagro