As preocupações com o futuro do agro catarinense

Publicado em: 19/04/2021

O agronegócio brasileiro tem se notabilizado em nível mundial, com referências positivas ao ponto de criar preocupações aos ditos países desenvolvidos, pelo avanço nas conquistas de novos mercados, e modernização tecnológica, que cada vez produz mais e com menor custo, graças às novas tecnologias que também avançam aceleradamente aumentando a produtividade.

Somos citados com frequência que seremos o celeiro do mundo e o porto seguro da segurança alimentar, porque temos clima, temos áreas a serem exploradas e ampliadas, sem precisar derrubar arvores ou qualquer outra agressão ambiental.

O Brasil será o pais do futuro também no agronegócio: está é a frase mais citadas por especialistas do assunto. Trazendo o tema para nosso estado de SC, ao mesmo tempo em que festejamos o sucesso da agropecuária catarinense, temos sentido preocupações com o futuro de uma das mais importantes cadeias do agronegócio – as carnes.

A nossa estrutura fundiária de pequenas propriedades, com aproveitamento total das áreas, com diversificação de culturas, com tecnificação avançada e agregação de valor é reconhecido pelos analistas econômicos, mas pode sofrer revertério no futuro não tão distante, se não houver uma mudança de cultural, aliado a ações governamentais.

O berço da agroindústria brasileira pode sucumbir, afetando a milhares de produtores rurais e números expressivos da nossa economia, se não encontrarmos uma saída viável para o abastecimento de grão para a cadeia das proteínas animais.

Nossa estrutura agroindustrial, construída a duras penas, pode ter que parar, por falta de competitividade com outras regiões do pais. Para quem consume anualmente 7 milhões de toneladas de milho, com perspectiva de ampliação devido os novos investimentos; e que não produz nem metade disso, tendo que buscar em outras regiões e países distantes, não será fácil manter esse negócio com lucratividade.

Se as demandas mundiais por grãos também se ampliam, há poucas esperanças de que os preços se reduzam, e assim quem estiver mais próximo da zona de produção certamente terá mais vantagens competitivas.

Existem duas alternativas, pelo menos para amenizar essa deficiência e que estão sendo discutidas em SC, e precisam ser aceleradas e tornadas práticas: encurtar o caminho com viabilização estrutural de rodovias, ferrovias é uma meta que precisa ser perseguida com seriedade pelos governos estadual e federal.

A outra é a alternativa de aproveitamento de terras ociosas no inverno, com plantio de grãos para ração, que precisa ser viabilizada. A produção de trigo, triticale, cevada ou outros grãos que possa se produzir ração para alimentar os planteis e a cadeia das carnes e leite, é urgente.

O governo do Estado está se mobilizando em estimular essa pratica, pouco aderida pelos produtores, principalmente devido aos riscos climáticos das lavouras e também a falta de garantia de preços compatíveis com os custos de produção. Existem caminhos que podem ser seguidos para enfrentar eventuais adversidades, e cabe aí sim, não apenas aos governos, mas também aos produtores e consumidores dos grãos.

Garantia de preços com compras antecipadas; uso de tecnologia avançadas e seguro agrícola para que os produtores possam aderir a essas culturas no inverno. Portanto, com auxilio nos custos de produção, e a garantia de compras por preços rentáveis, pode-se viabilizar essa atividade no inverno.

Para minimizar nosso problema de curto prazo, produzir grãos de inverno parece ser um dos caminhos, enquanto de médio e longo prazo, precisa ser tratado da infraestrutura de transportes e logística de modo geral.

Do contrário, todos acabarão perdendo: criadores de animais, agroindústrias e uma grande cadeia de produção, além do Poder Público que além de ver reduzida sua arrecadação terá que lidar com problemas sociais por falta de renda e emprego para uma camada da população urbana que hoje vive ou depende do meio rural. Pense nisso.