Ano vem e ano vai e a música do disco é a mesma

Publicado em: 15/06/2020

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro

Existe um dizer nos meios urbanos e políticos de que o colono está sempre chorando por algo. Quem afirma isso olha apenas um lado da moeda. Acontece que as reclamações são sempre as mesmas, porque a falta de solução continuam também sempre as mesmas. Em um ou outro produto, em essa ou aquela região do país a situação não muda. Poucos reconhecem que em quase todo o país o grande propulsor das demais atividades econômicas, tem origem no rural.

As reclamações da questão é sempre o resultado econômico da atividade. Há quem diga que o agricultor chora, mais continua na atividade, deixando a impressão que o negócio é lucrativo. A realidade é que quem permanece é porque não tem alternativa para sobreviver e continua sem o direito de prosperar. Nessa semana que passou assistimos mais uma sessão de reclamações. Em reunião da Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa, foi discutido um assunto cuja falta de solução se posterga há muitos anos.

Por iniciativa do deputado Moacir Sopelsa e pronta atenção do presidente da Comissão de Agricultura, Deputado José Milton Scheffer, e com apoio de todos os deputados integrantes da Comissão, foram ouvidas as lideranças do agronegócio com relação ao leite. Em quase todas as reuniões que já participamos a choradeira tem sido a mesma: produtores de leite reclamando do prejuízo da atividade e as indústrias afirmando que não podem pagar mais, porque o mercado não comporta. Aí se atribui culpa a outros atores de outros segmentos de distribuição e comercialização do leite, e também ao governo do estado que tributa com imposto, ampliando ainda mais os prejuízos.

Há que se dar uma basta nessa situação que se posterga há muitos anos. Indústrias insinuam que o produtor vem aumentando a produção, certamente é porque tem lucratividade. Produtor diz que os custos de produção se elevam sem ser levado e consideração na formação do preço de venda às indústrias. A verdade é que precisa ser achado um meio termo para minimizar esse impasse. O aumento da produtividade é uma a das providências necessárias para que consiga mais renda.  Para isso, precisa de mais tecnologia e ela existe, pois outros países produtores de leite tem essa atividade como única e bem remunerada.

Outra providencia é o governo reavaliar essa tributação. Não pode ter tratamento diferente entre estados para um produto de circulação nacional, porque senão alguém vai sair perdendo. A valorização maior do leite é outra providência que precisa ser perseguida. Aí entra uma ação governamental esclarecendo a opinião pública que um litro de leite não pode valer menos do que meia garrafa de água mineral, como acontece atualmente. São produtos de origem diferente e certamente com custo de produção e risco climáticos muito diferentes, e não é considerado pela população.

Controlar preços não é a melhor saída para uma economia aberta, mas conscientizar a população das diferenças de um ou do outro, é indispensável.  Pela analise do ex-secretário da Agricultura Airton Spies, que é um especialista na área, há que se estruturar o setor do leite um sistema de integração como acontece nos suínos e nos frangos.

Para isso acontecer as duas partes precisam concordar. Não se pode utilizar o sistema somente em épocas de dificuldades no mercado. Precisa haver uma equalização e admitir para um entendimento dentro de toda a cadeia. Para manter essa atividade nessa modalidade de produção e comercialização precisa de normas legais, pois deixar para as partes se entenderem nunca acontecerá porque cada uma olha o seu lado e o choro sempre vem em épocas de crise, um acusando o outro.

Precisa planejar a produção e regrar a comercialização, sem ganância em nenhuma das partes, porque senão, não vamos resolver esse problema e zaz traz a culpa é do governo. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro

Ivan Ramos Diretor Executivo da Fecoagro