Aliança Láctea Sul Brasileira debate sobre a cadeia produtiva do leite em Florianópolis

Publicado em: 25/09/2019

Preparar a cadeia produtiva do leite do Sul do Brasil para exportar é o objetivo prioritário da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), asseverou o coordenador geral Airton Spies em reunião na sede da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) em reunião realizada em Florianópolis. Participaram da reunião dirigentes e representantes de empresas e entidades do agronegócio e organismos estatais ligados às secretarias estaduais de agricultura e ao Ministério da Agricultura.

O vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, falou da preocupação em qualificar a produção e assegurar a viabilidade econômica da atividade para os produtores rurais. Observou que o principal obstáculo para a exportação é o custo de produção no Brasil. Enquanto em Nova Zelândia, União Europeia, Argentina, Uruguai e outros países o custo de produção é de 25 centavos de dólar por litro, no Brasil varia de 40 a 60 centavos de dólar.

De acordo com o vice-presidente da Faesc, essa diferença deve-se a um conjunto de fatores: custo da mão de obra, baixa produtividade, carga tributária e deficiências logísticas. “Em resumo, é o custo de nossa ineficiência”. Um exemplo: em um quilômetro de coleta, no Brasil, recolhe-se em média 47 litros; nos Estados Unidos 130 e na Nova Zelândia mais de 200 litros. “Por isso, para a exportação de leite tornar-se viável, o Brasil precisa criar produtos de maior valor agregado (como doce de leite) e não commodities”, reforçou Barbieri.

Nesse contexto, a abertura das exportações para a China representa uma nova janela de oportunidade, mas isso não ocorrerá logo: será imperiosa uma série de aperfeiçoamentos, que inclui uma melhor organização logística. Enfim, será necessário repensar toda a cadeia produtiva do leite.

O secretário da Agricultura, da Pesca e Desenvolvimento Rural de SC, Ricardo de Gouvêa, destacou que a conquista de mercados internacionais depende de empenho dos produtores, das indústrias e do governo na busca permanente da qualidade e da sanidade. Lembrou do caminho percorrido pela avicultura industrial catarinense para atingir o mercado mundial, que hoje atende 160 países, como exemplo daquilo que deve ser feito na área do leite.

Salientou que a questão da sanidade é fundamental. “Precisamos ter um sistema sanitário seguro e confiável e devemos demonstrar essa condição aos exigentes mercados importadores”. Também mencionou que a adoção de sistemas de rastreabilidade do leite se constitui em exigência dos países importadores. “Existe mercado para o produto lácteo brasileiro, mas temos que sair dos commodities e gerar produtos de valor agregado”. Gouvêa disse que a Secretaria está empenhada em apoiar o setor, mas pediu cautela em relação a alguns trading que estão aparecendo.

O Sul supera Argentina, Uruguai e Paraguai na produção de leite e responde por 40% da produção brasileira, embora tenha apenas 7% do território nacional. A região, porém, é muito incipiente em exportações.

Além do secretário de Estado Agricultura de Santa Catarina, participaram da reunião o secretário de Estado da Agricultura do Paraná (Norberto Ortigara) e os presidentes das Federações de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (FARSUL) Gedeão Pereira e do Paraná (FAEP) Ágide Meneguette.

Fonte: MB Comunicação Empresarial/Organizacional