“A versão passada lá fora da agricultura brasileira é falsa”, diz Roberto Rodrigues

Publicado em: 12/02/2020

O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, falou em entrevista ao Jornal O Estado de São Paulo sobre o impacto negativo da liberação de agrotóxicos e das queimadas na imagem do Brasil no exterior. Fala, também, sobre o renascimento do setor de açúcar e álcool, depois da crise que abalou a área no governo Dilma, o aumento do preço da carne e o efeito do surto de coronavírus nas exportações do Brasil para a China.

Sobre a liberação dos novos agrotóxicos Rodrigues disse que é um pouco a diferença entre o fato e a versão. A verdade é que, até o governo Temer, liberar um defensivo agrícola no Brasil demorava em média oito anos. Nos países desenvolvidos, leva entre um e dois anos. Toda empresa que faz um investimento numa nova molécula está buscando mais sustentabilidade. Ninguém é louco de fazer um negócio mais agressivo ao meio ambiente num cenário em que a questão ambiental é uma preocupação da maioria da população mundial, sobretudo a juventude. Nós ficamos muito tempo amarrados no mercado por causa de uma idiotice burocrática, meio ideológica.

O incêndio na Amazônia levou ao desmatamento e depois veio a questão dos defensivos. Os três temas viraram uma versão não verdadeira da realidade brasileira. Nós temos uma agricultura sustentabilíssima. Mas a versão ficou complicada para nós. Agora tem de ter um plano de comunicação bem feito, usando a ciência para justificar a nossa posição. O problema é que tem muita gente que não quer ouvir. Já está com a cabeça feita. Preferem ouvir uma Greta (Thunberg, ativista sueca do meio ambiente) do que um cientista, como se representasse a verdade absoluta, disse Roberto Rodrigues.

Fonte: Por Estadão Conteúdo