A crise da saúde continua e a da política se amplia

Publicado em: 04/05/2020

Por Ivan Ramos diretor executivo da Fecoagro

Passamos mais uma semana a trancos e barrancos, com se diz no interior. O problema na pandemia mundial do Coronavírus a cada dia assusta mais gente, preocupando as autoridades e dando matéria para a imprensa explorar, e até exagerar no assunto.

Que o problema é grave já sabemos e sentimos, e, poucas pessoas mesmo da área medica se arriscam em dizer de onde veio e quando acabará esse vírus. Opiniões variadas aparecem de todos os lados. As mídias sociais se tornaram uma verdadeira guerra de palpites e opiniões, com médicos e palpiteiros que surgem a cada minuto.

Aqueles que querem atingir os governantes mostram só um lado da moeda, ignorando as providências já tomadas, as curas já conseguidas e os recursos que estão sendo aplicados. O pior de tudo é que mesmo nessa crise da saúde e da economia, tem gente se aproveitando da situação, querendo levar vantagem. Políticos tradicionais querem usar a pandemia para marcar suas posições partidárias criticando seus opositores e procurando algum culpado para situação, ou querendo inverter resultados das eleições, ou mesmo para recuperar os benefícios espúrios que usufruíam em governos anteriores.

Lideranças se pronunciam favoráveis querendo se apropriar dos resultados quando são positivos. Quando é negativa a culpa é do Governo Federal. Isso é politicagem deslavada. Parte da mídia, da mesma forma, que não gosta do presidente, produzem matérias negativas e até fazem edições em declarações para incriminar o entrevistado perante a opinião púbica. E o pior é que tem muita gente que não enxerga isso e acredita.

Vale tudo nessa guerra para os inescrupulosos. Na área do executivo, em que pese às boas intenções, também surgem fatos questionáveis da sua validade e integridade. Temos gestores públicos se aproveitando da lei de calamidade pública que libera gastos sem licitações, sem controle de preços e sem critérios, e fazem negócios escusos, superfaturados provocando prejuízos incalculáveis ao erário público que em última análise quem vai pagar será a população.É lamentável que existam pessoas se aproveitando de um jeito ou de outro e a mídia colocando foco em cima de fatos negativos.

Depois dessa crise vamos precisar separar o joio do trigo. Temos que valorizar a mídia independente, imparcial e com credulidade. Não dá mais para acreditar naqueles que se dizem líderes, que perderam as vantagens que usufruíam em governos anteriores e agora querem derrubar os atuais governantes.

Por outro lado o setor agropecuário começa manifestar preocupação. Embora ainda sejamos os menos atingidos na doença e na economia, começam a pipocar problemas com o avanço do vírus no interior.Se houver paralisação total no setor devido à pandemia, os reflexos serão incontroláveis, pois a agricultura tem um calendário agrícola natural e não pode adiar.

Os agropecuaristas tem animais em vários estágios e até prontos para o abate; as rações precisam chegar ao interior para alimentar os rebanhos; o leite precisa ser recolhido; as agroindústrias precisam abater e distribuir os produtos.

Eventual paralisação no campo será caos na economia e social. Terá reação em cadeia na sociedade. Portanto, temos que nos preocupar em não deixar expandir a doença para o interior. Os órgãos de saúde estão orientando como fazer para se proteger; as autoridades estão regulamentando as leis, porém o que mais nos interessa é nossa atitude de nos preservar para não sermos atingidos pela doença nem transmitir aos outros. Não pense que isso só acontece com os outros. Pense nisso.

Fonte: Fecoagro