Fecoagro: há 45 anos praticando e estimulando a intercooperação em SC

Publicado em: 27/07/2020

O surgimento de uma sociedade cooperativa de segundo grau segmentada, em nível estadual, para otimizar negócios conjuntos, reduzir custo e estimular a integração e a intercooperação, foi um fator marcante no cooperativismo de SC.

Muitas instituições assemelhadas em outros estados tentaram e não tiveram vida longa nessa missão. Não é fácil unir desiguais em tamanho, mesmo tendo os objetivos filosóficos no mesmo rumo.

A Fecoagro, além de ser o braço econômico de um grupo de cooperativas agropecuárias em negócios comuns, tem sido a porta-voz das reivindicações políticas e institucionais do sistema agropecuário, e a principal mobilizadora da opinião pública, interna e externamente, na difusão do cooperativismo e do agronegócio catarinense.

Passou por bons e maus momentos econômicos na sua trajetória, mas hoje se consolidou e é reconhecida como grande estimuladora da intercooperação em SC e no Brasil.

Como surgiu a Fecoagro

Nos anos 70, o cooperativismo catarinense já existia, mas com a tecnologia e gestão da época. Não tínhamos o Sescoop, e a preparação e formação profissional dos dirigentes e funcionários era realizada precariamente através de órgãos do governo, na época, o INCRA Federal; a secretaria da Agricultura do Estado, por meio da COPA – Coordenação de Organização da Produção de Abastecimento; e pela a EPAGRI, que mantinha uma Diretoria Estadual de Cooperativismo.

Nos idos de 1973, a globalização dos mercados era desconhecida ou inexistente. O sistema de comunicação era precaríssimo, e as informações do comportamento do mercado agropecuário eram obsoletas se comparamos com os dias atuais. Em SC apenas a cidade de Blumenau dispunha de DDD-Discagem Direta a Distância. Nem a capital do estado dispunha desse serviço de comunicação.

As cooperativas agropecuárias atuavam individualmente. Grandes, médias ou pequenas, nos padrões de SC, embora tendo os mesmos objetivos nas atividades dos agricultores, entregavam resultados diferentes aos seus associados, pois os negócios não tinham padrão nem de qualidade, nem de preços dos produtos. Cooperativas vizinhas, e às vezes atuando na mesma área, se degladiavam no mercado, concorrendo entre si e acabavam criando problemas ao apresentar resultados da comercialização, especialmente de soja – que na época a produção era pequena, e com poucos resultados econômicos – aos seus cooperados.

Nos anos de 1973/1974, as exportações de soja eram controladas pelo Governo Federal. Para se exportar precisa ter cotas, que eram liberadas pela então CACEX, uma Diretoria de Comércio Exterior do Banco do Brasil, que ficava no RJ.

Essa exigência fazia a quem quisesse exportar fosse ao RJ reivindicar cotas. Nossas cooperativas com volumes pequenos na época, com intenção de buscar o mercado internacional, sofriam por falta de uma coordenação estadual.

No Meio-Oeste, em Videira, existia uma cooperativa central – CEMOESC que fora constituída para fazer captação de incentivos fiscais, que o Governo do Estado proporcionava para construção de armazéns e exigia que fosse por uma Central. Aquela passou a reunir as cooperativas da região, para buscar as cotas de exportação e também negociar em conjunto no mercado para aquelas cooperativas: Coopervil, de Videira; Coperio, de Joaçaba; Coopecaçador, de Caçador; Coopercampos, de Campos Novos; Cooperzal, de Capinzal; Copérdia, de Concórdia; Coopernúcleo, de Curitibanos e Coopernorte, de Mafra.

No Oeste catarinense, lideradas pela Cooperalfa, Aury Luiz Bodanese, presidente de então, coordenava informalmente outro grupo de cooperativas da região que necessitassem de cotas para exportação.

Assim, em diversas ocasiões os dois grupos se encontravam no RJ para pedir cotas. Em determinado momento a própria CACEX recomendou que SC se unisse e fizessem um único pleito, a exemplo do que já acontecia com as cooperativas gaúchas, através da Fecotrigo, hoje Fecoagro – RS, e no Paraná através da COOCAP, lideradas pela OCEPAR.

Foi assim que surgiu em SC a primeira ideia para a união das cooperativas agropecuárias. Após uma rápida passagem de coordenação informal via Ocesc, onde foi formado o Birô de Informações de Mercado, em reunião realizada no Cetrevi de Videira, entre cooperativas do Meio-Oeste e do Oeste catarinense foi decidida a criação de uma federação estadual de cooperativas agropecuárias, não apenas buscar cotas de exportação, mas também fazer negócios em conjunto e exportar a soja que nessas alturas já ganhava corpo em volume em SC.

Um grupo técnico constituído pelas cooperativas foi formado. (Ivan Ramos da Coopernorte e CEMOESC; Oscar Zilio da Coperio; Moises Pollak da Cooperalfa; e Wanderley Reis da Coopercentral Oeste), foram visitar outras entidades similares no RS e no PR (FECOTRIGO e COOCAP), para conhecer o funcionamento daquelas, e depois propor uma minuta de estatuto social, e foi decidido oficialmente de formar uma federação.

Em 25 de julho de 1975, no auditório do Palácio SC, em Florianópolis, com a presença de quinze cooperativas  foi realizada a Assembleia Geral de fundação da Federação. Assinaram a ata de fundação da FEDERAÇÃO DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA LTDA. – FECOAGRO, que na ocasião elegeu como primeiro presidente  Aury Luiz Bodanese, que era o presidente da Cooperalfa de Chapecó; como vice-presidente Waldomiro Antonio Panis, presidente da Cooperzal de Capinzal e Athos de Almeida Lopes, presidente da Coopercampos de Campos Novos, como secretário.

O Conselho de Administração ficou assim constituído: Arlindo Cantarelli, da Coopersãomiguel, de São Miguel do Oeste; Walter Schuttel, da Coopermondaí; Helvino Heriberto Hoppe, da Cooperpal, de Palmitos; Osmar Erhadt da Cravil de Rio do Sul; Bruno Spies, da Cooperita, de Itapiranga; e Guido Nehuls, da Cooperal, de Abelardo Luz. Para o Conselho Fiscal foram eleitos: Silvestre Antonio Fantin, da Coopervil de Videira; Arcangelo Miguel Zambiazzi, da Coperio de Joaçaba; Jayme Schultz, da Coopernorte de Mafra; Ricieri Martello, da Copérdia de Concórdia; Osmar Jacob Massing da Cooapesc, de São Carlos e Oribes Dal Bem da Cooperal, de Abelardo Luz.

Na mesma Assembleia que elegeu os primeiros dirigentes, também houve uma votação para a escolha da sigla da Federação. Havia duas propostas. Uma como FECOAGRO, e outra como FECOESC. Venceu a FECOAGRO por 9 votos a 6.

As atuações atuais da Fecoagro

Central de Negócios

A Central de Negócios que abriga a centralização de compras foi a principal atividade iniciada na segunda fase da Fecoagro isto é, a partir de 1993, na sua reativação.

Hoje esse setor está dividido em três focos de ações: a) Compras em pool, cujas aquisições são feitas em conjunto com faturamento e entregas são feitas direto do fornecedor para a cooperativa filiada. b) Compras de repasse, onde alguns itens de produtos são faturados para a Central de Negócios da Fecoagro e esta repassa às cooperativas, para poder usufruir de tabelas de preços especiais devidos a centralização de volumes. c) Setor de Hortifrutigranjeiros, que adquire os hortifrúti na Ceasa em Curitiba e/ou das cooperativas produtoras e refatura aos supermercados das cooperativas participantes. Nesse setor ainda tem a prestação de serviços de estocagem frigorificada centralizada de produtos perecíveis em sua unidade em Palmitos para depois repassar às cooperativas. A Central de Negócios de Palmitos – SC está dividida em duas gerências: gerência de Insumos Agropecuários, e gerência de Produtos para Supermercados e Logística.

No ano de 2019 o volume total de negócios realizados nessas atividades da Central de Negócios ultrapassou R$ 934 milhões e a economia gerada e repassada às cooperativas foi de R$ 24 milhões.

Indústria Processadora de Fertilizantes

A Indústria Misturadora de Fertilizantes da Fecoagro, instalada em São Francisco do Sul, tem sido a atividade econômica de maior vulto, e também que oferece maior risco devido sua estreita dependência do mercado internacional. As matérias primas são todas importadas e a taxa cambial e que norteia os negócios, já que as compras são em dólares e a venda no mercado interno é em real. Também em termos de faturamento é o que mais impacta nos negócios da Fecoagro.

Mas ela tem feito sua parte de garantir qualidade dos produtos ofertados às cooperativas e aos agricultores, não vendendo apenas preço, e tem sido a reguladora de mercado na área de fertilizantes em SC. A existência da Indústria de Fertilizantes sob o controle das cooperativas passa a ser estratégica, e nem sempre aufere resultados econômicos diretos, mas sim indiretos nas cooperativas, devido à volatilidade do dólar, e a concorrência no mercado.

Desde a implantação da indústria  em 2004, o volume de operações nessa área tem se ampliado, assim como capacidade de processamento, tendo que realizar novos investimentos em todos os anos para se ajustar a demanda. A par disso, foram instalados novos equipamentos para produção e produtos especiais, mais tecnificados, acompanhando o avanço tecnológico do setor agrícola.

Os negócios de fertilizantes da indústria desde sua fundação nunca apresentou prejuízos às cooperativas associadas. Ao contrário, na grande maioria das safras o negócio gerou resultados para pagar os investimentos e ainda devolveu resultados às cooperativas na forma capitalização. Além disso, conseguiu acumular patrimônio expressivo nessa unidade, valorizando sua estrutura fabril, registrando avaliação pelo menos 10 vezes maior do que o capital social que as cooperativas acumularam na Fecoagro, também fruto dos resultados das operações industriais.

No ano de 2019, a Indústria de Fertilizantes da Fecoagro produziu 351 mil toneladas de fertilizantes, sendo 216 mil de venda própria, e 135 mil em prestação de serviços a terceiros. O valor do faturamento no exercício foi de R$ 363 milhões.

Convênios governamentais

Nos últimos 20 anos, a Fecoagro tem atuado na coordenação operacional dos programas de incentivos do Governo do Estado aos produtores rurais. Administra a execução dos programas Terra Boa – o Troca-Troca, que estimula o plantio de milho e pastagem, além de apoio a apicultura. É a Fecoagro que realiza as aquisições das sementes de milho, calcário além dos insumos para pastagem, operando todos os controles para distribuição dos subsídios oferecidos pelo Governo do Estado a fim de diminuir os custos de produção aos agricultores. Para tanto existe uma normatização dos programas onde a Fecoagro participa ativamente no estabelecimento das normas e na cobrança dos cumprimentos e prestação de contas junto ao Governo do Estado. O programa Terra Boa, que na sua implantação no governo de Esperidião Amin, foi sendo atualizado e informatizado nos governos seguintes, está consolidado dentro da Secretaria da Agricultura e na Fecoagro para atendimento aos pequenos agricultores de SC. Em 2019 os programas Terra Boa atenderam 65 mil agricultores com subsídios de R$ 41,3 milhões nos programas de calcário, sementes de milho, kit de insumos forrageiros e kit apicultura. Para 2020 estão orçados recursos na ordem de 52 milhões. Em 2020 foi ampliada a participação da Fecoagro no Terra Boa, participando no repasse de recursos nos custos do seguro das lavouras de grãos de inverno e na divulgação nas mídias dos cuidados que os catarinenses e visitantes tem que ter no ingresso de produtos agropecuários de outros estados e países.

Ações institucionais e de comunicação

A Fecoagro continua presente nos trabalhos de difusão do cooperativismo e do agronegócio até hoje. Além da representação institucional do cooperativismo agropecuário em diversas esferas de governos, politicas e de entidades de classe, tem mantido e ampliado a cada ano seus projetos na área de comunicação. Mantém há mais de 40 anos dois programas de rádio em 70 emissoras de SC. O Agronegócio Hoje, diariamente com notícias e informações de interesse do agronegócio, e o Informativo Agropecuário, semanal, mais amplo e com análises dos fatos do cooperativismo da semana. Também produz dois programas de TV, com cobertura estadual e nacional. No Canal Rural sintonizado na TV por assinatura e nas parabólicas, e nos canais locais, SBT e Record News em TV aberta, para atingir não apenas o meio rural, mas também os formadores de opinião no meio urbano. O Resenha do Cooperativismo e Agronegócio, e o Cooperativismo em Notícias, também estão consolidados em audiência e permanecem no ar por mais de 10 anos.

Além disso, mantém a TV COOP, pela web, exclusiva da Fecoagro, onde por 24 horas por dia, veiculam programas, matérias e vídeos de interesse dos agricultores e dos cooperados de outros ramos do cooperativismo. O programa de comunicação Fecoagro já foi premiado por duas vezes pela OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras.

Além de difundir e conscientizar sobre o cooperativismo, o setor contribui para a difusão da prática da intercooperação, ou seja, relação e negócios entre as cooperativas do mesmo ramo e de ramos diferentes, como também na publicidade dos produtos da Fecoagro e das cooperativas associadas.

Os presidentes da Fecoagro de 1975 a 2021:
• De 1975 a 1982 – Aury Luiz Bodanese – Cooperalfa
• De 1982 a 1983 – Luiz Carlos Chiocca – Coopercampos
• De abril a novembro 1983 – Odacir Zonta – interino
• De 1984 a 1988 – Erico Frederico Gebler – Cooperlitoranea (desativada)
• De 1988 a 1991 – José Zeferino Pedrozo – da Coperio (desativada)
• De 1991 a 1994 – Aury Luiz Bodanese – Cooperalfa – reativada
• De 1994 a 2000 – Luiz Hilton Temp – Cooper A1
• De 2000 a 2006 – Neivor Canton – Copérdia
• De 2006 a 2009 – Marcos Antonio Zordan – Cooperitaipu
• De 2009 a 2016 – Luiz Vicente Suzin – Coopervil
• De 2016 a 2021- Claudio Post – Cooperauriverde.

Cooperativas integrantes da Fecoagro em 2020

Nossas filiadas são 10 cooperativas singulares e 1 central, todas na área de agropecuária, com sede no Estado de Santa Catarina e atuação em todo o Sul do país.

 

Informações das Filiadas
Singulares 61.662

Associados

9.470

Funcionários

470

Filiais

R$ 9,793

Bilhões de

faturamento

Aurora 66.127 30.331

Funcionários

65

Filiais

R$ 10.960

Bilhões de faturamento

 

Fonte: Fecoagro