As lideranças do associativismo em xeque?

Publicado em: 23/07/2018

Por Ivan Ramos – diretor executivo da Fecoagro

Na semana que passou dois fatos ligados ao agronegócio e ao cooperativismo foram destaque e merecem ser referenciados. O primeiro de repercussão positiva está servindo de incentivo para que o movimento cooperativista catarinense continue prosperando. Foi instalado oficialmente na Assembleia Legislativa em Florianópolis o Conselho Estadual do Cooperativismo (CECOOP).

Trata-se do instrumento regulatório da Lei Cooperativista aprovada no final do ano passado, depois de mais de 10 anos de tentativas de aprovação da lei na Casa Legislativa. Muitas foram as conjecturas para aprovação dessa lei para estimular e regular as ações de nossas cooperativas, especialmente perante o Poder Público. O Projeto do Executivo, construído com o apoio da Ocesc, teve várias alterações para possibilitar a sua aprovação.

Diversos segmentos, inclusive dentro do próprio governo, questionavam a iniciativa e as negociações foram intensas, dificultando o trâmite do projeto de lei. Finalmente, após muitas negociações sob a liderança do deputado José Milton Scheffer, presidente da Frente Parlamentar Cooperativista na Assembleia, mesmo com restrições de alguns deputados que votaram contra, foi viabilizada sua aprovação e dentro da lei contempla o CECOOP que regulará as operações governamentais junto às cooperativas e será presidido pelo secretário da Agricultura, não restando dúvidas, que é o ramo mais significativo, mas que a lei atende todos os ramos do cooperativismo. Foi mais uma conquista do cooperativismo.

O outro assunto enfocado na semana, dessa vez em nível nacional, foi questionamento na mídia brasileira, com repercussão na imprensa catarinense, foi a falta de renovação de dirigentes nos órgãos associativos. Embora sem a citação do cooperativismo, o assunto rendeu comentários de que poderão afetar também esse setor.

O foco das denúncias foi a área sindical que administra os recursos do Sistema S, e por analogia pode ser entendido também ao cooperativismo que tem o Sescoop. Há que se esclarecer, que no caso das Organizações das Cooperativas, estatutariamente os presidentes só podem ser eleitos aos cargos no máximo por dois mandatos, isto é, máximo de oito anos.

O questionamento da mídia foi a permanência de alguns dirigentes de entidades sindicais, inclusive rurais, por até 43 anos sem a salutar renovação.  Sem entrar no mérito da questão, e nem mesmo analisar a importância da permanência desses dirigentes, que democraticamente são eleitos, e muito menos as suas lideranças e competência administrativa, é sempre bom lembrar que rotatividade de pessoas frente às entidades associativas é positiva.

No cooperativismo não é tão expressiva essa prática, mas cabe uma reflexão dos atuais dirigentes mais antigos, para que prepararem seus sucessores, a fim de deixar as cooperativas em boas mãos quando se afastarem do comando. Mesmo que competentes e importantes líderes precisam estar atentos que o poder desgasta, e é sempre melhor sair na alta, do que sob pressão eleitoral, ou mesmo por acomodação no comando pelo excessivo tempo de gestão. Vale a reflexão para o bem dos dirigentes e das entidades que presidem. Pense nisso.